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Quinta-feira, 19 Maio 2022
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    • Política
      Chega quer que 25 de Novembro seja feriado nacional

      Chega quer que 25 de Novembro seja feriado nacional

      Partido sustenta que “passados quase cinco décadas sobre o processo revolucionário, importa clarificar que a liberdade não tem donos nem tutores, pertencendo a todos quantos de uma maneira ou de outra contribuíram para que Portugal se tenha transformado num país livre”.
      Jorge Moreira da Silva: “Infelizmente o governo do PS tem sido incompetente”
      PSD, Liderança

      Jorge Moreira da Silva: “Infelizmente o governo do PS tem sido incompetente”

      Na semana em que ficou em confinamento devido à covid-19, o candidato à liderança do PSD explica, em entrevista ao NOVO a publicar na íntegra esta sexta-feira , algumas das propostas da sua moção global estratégica, ataca o executivo socialista e a ideia de uma flat tax defendida pelos liberais.
    • País
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      Chefe da diplomacia portuguesa repudia expulsões. Embaixada em Moscovo continua funcional

      O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, lamentou decisão das autoridades russas de expulsar cinco funcionários da embaixada portuguesa em Moscovo.
      DGS recomenda atenção aos mais vulneráveis devido ao calor

      DGS recomenda atenção aos mais vulneráveis devido ao calor

      IPMA prevê um aumento da temperatura entre esta quinta-feira e domingo, podendo os termómetros variar entre 35ºC e 38°C nas regiões dos vales do Guadiana, do Tejo e do Douro.
    • Economia
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      Execução da despesa do PRR “muito aquém do previsto pelo Governo”, divulga Conselho das Finanças Públicas

      Execução da despesa em 2021 no âmbito do PRR foi inferior em 410 milhões de euros e em 600 milhões de euros ao previsto respectivamente na proposta do OE2021.
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      Economia

      Já é possível comprar casa em Portugal com criptomoedas

      A agência Zome, mediadora imobiliária, assinou na passada terça-feira, 10 de Maio, a primeira escritura de venda de um imóvel em criptoactivos. Um T3, na cidade de Braga, foi vendido por quase três bitcoins, o equivalente a 110 mil euros. Ao NOVO, Carlos Santos, chief technology officer da imobiliária, explica que venda em criptoactivos permite rastrear a origem do dinheiro. “É muito mais difícil enganar o sistema assim”, garante.
    • Internacional
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      Finlândia e Suécia cumprem todos os requisitos para adesão à NATO, diz Biden

      Presidente norte-americano anunciou que iniciará ainda esta quinta-feira o processo para que o Congresso dos EUA ratifique “rapidamente” os pedidos de entrada desses países nórdicos na Aliança Atlântica.
      Danos nas infra-estruturas ucranianas superam 95 mil milhões de euros

      Danos nas infra-estruturas ucranianas superam 95 mil milhões de euros

      Perdas económicas totais aproximam-se dos 570 mil milhões de euros, revela estudo.
    • Cultura
      Teatro Nacional São João atribui bolsas a sete artistas ucranianos refugiados em Portugal

      Teatro Nacional São João atribui bolsas a sete artistas ucranianos refugiados em Portugal

      Sete bolsas já atribuídas contemplam três actrizes, uma fotógrafa de cena, um videasta, uma pianista e uma bailarina e professora de dança.
      Eurovisão 2022

      Ucrânia vence Eurovisão

      Canção ucraniana, apontada como favorita, acabou por conseguir o primeiro lugar na final do festival, que decorreu na noite de sábado em Turim. Portugal, representado por MARO, ficou em nono lugar.
    • Desporto
      Roger Schmidt já é treinador do Benfica
      Futebol

      Roger Schmidt já é treinador do Benfica

      SAD encarnada oficializou junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a contratação do técnico alemão por duas temporadas
      SC Braga: Treinador da equipa B sucede a Carlos Carvalhal
      Futebol

      SC Braga: Treinador da equipa B sucede a Carlos Carvalhal

      Artur Jorge, antigo capitão e até aqui técnico da segunda equipa bracarense, é promovido à equipa A num processo idêntico aos de Rúben Amorim e Abel Ferreira.
    • Ambiente
      Portugal continental mantém-se em situação de seca no final de Abril

      Portugal continental mantém-se em situação de seca no final de Abril

      No último dia do mês passado, 8,5% do território de Portugal continental estava em seca fraca e 4,3% em seca severa. Não se registava seca extrema.
    • Lifestyle
    • Tecnologia
      Elon Musk suspende compra do Twitter

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      Notícia da suspensão da compra fez com que as acções caíssem quase 20%.
      Ataques informáticos com resgate aumentaram 13%

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      Ataques de ransomware estão a aumentar, com o Hospital Garcia de Orta a ser o alvo mais recente. Hackers exigiram pagamento em bitcoins.
    • Opinião
      Rui Cordeiro
      Opinião

      Nova esperança para o PSD

      Dia 28 de Maio, os militantes do Partido Social Democrata são chamados a fazer a sua escolha e eleger um novo presidente.

      Longe do mediatismo dos congressos que colavam os portugueses às televisões, e após 4 de anos daquilo a que podemos chamar “Rioísmo”, o PSD volta a abrir um ciclo de esperança, alinhando a nova liderança aos princípios e valores que estão na génese histórica da democracia do PSD. Esperança renovada, mais pelo seu passado do que pelo seu presente. Qual clube que anseia pelo treinador que finalmente o irá devolver à velha glória.

      O PSD, não obstante os seus recentes desaires eleitorais, continua a ser o maior partido da oposição. É também aquele que tem na sua organização mais massa crítica e experiência governativa e autárquica, o que é absolutamente necessário para ser alternativa aos sucessivos governos socialistas que nasceram na barriga da geringonça. Todavia, não pode o PSD viver absolutamente dos seus feitos do passado e deve rapidamente concentrar-se no seu futuro: na revisão dos seus estatutos, na reforma do partido e, mais importante, rejuvenescer as suas propostas. Os últimos anos foram de muleta do PS e esse posicionamento fez-nos perder espaço junto dos que em nós mais acreditavam e que deixaram, assim, de ter uma alternativa.

      O PSD é um partido que precisa de rever o seu papel na sociedade e procurar respostas a novos problemas. Precisa de se unir e rever o seu papel sem abandonar a sua matriz ideológica e a simbologia que carrega, consagrada nas setas que o representam, tão desrespeitadas pelo presidente cessante, mas que se mantêm tão atuais, pois a liberdade, a igualdade e a solidariedade são intemporais. As reformas políticas, económicas e sociais urgem mais do que nunca e o Governo de maioria absoluta do Partido Socialista só as irá atrasar, e, por consequência, atrasar o nosso país. “Um governo de maioria que reduz a democracia e aumenta a partidocracia”, como diria Francisco Sá Carneiro.

      Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva têm, por isso, o que Francisco Sá Carneiro classificou como o grande desafio de “dar às pessoas a esperança nova de que alguma coisa de fundamental pode mudar”.

      Jorge Máximo
      Opinião

      Uma LISBOAIDEIA ao Conselho de Cidadãos

      No passado fim de semana, os Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa acolheram, com grande destaque noticioso, a primeira reunião do “Conselho de Cidadãos de Lisboa” (CCL), uma iniciativa que foi uma das promessas eleitorais do presidente eleito Carlos Moedas, que a anunciou como determinante para a sua política de incentivo e valorização da participação cívica no processo de governação da cidade.

      Durante 2 dias, 50 cidadãos de Lisboa selecionados entre mais de 2300 inscritos, propuseram e debateram ideias de medidas e iniciativas políticas para a cidade subordinadas ao tema das alterações climáticas. No final, foram compiladas 35 propostas que incluíram medidas globalmente consensuais, como a proposta de requalificação e devolução ao mercado de habitação das casas fechadas e devolutas, e outras mais polémicas, como a proposta de reduzir em 80% a entrada de automóveis na cidade e na Área Metropolitana de Lisboa até 2048! De acordo com o edil, as propostas aprovadas serão trabalhadas pelos serviços da câmara, com acompanhamento e envolvimento de representantes do CCL nas reuniões de trabalho.

      Como munícipe, considero o CCL uma iniciativa louvável, que valoriza a participação cívica fora do perímetro partidário, e a auscultação direta dos cidadãos no processo de tomada de decisão da cidade. A liderança da iniciativa pelo próprio presidente da CML é também um sinal muito importante. No entanto, e sem prejuízo dos seus méritos e bondade, subsistem-me fundadas dúvidas sobre eficácia do modelo para a sua consolidação futura e, mais importante, para a concretização das expectativas dos cidadãos participantes. Não por má vontade, mas por real experiência no terreno.

      No imediato, antecipo duas grandes ameaças ao sucesso futuro do CCL: 1) a reduzida frequência e o baixo rácio de participantes efetivo face ao total de candidatos inscritos (apenas 2%), facto que desincentiva e desaproveita a disponibilidade e o conhecimento de muitos cidadãos empenhados em contribuir para a cidade; 2) a ausência de uma plataforma online que permita a monitorização e o acompanhamento permanente de processo de deliberação, decisão e implementação das medidas propostas. Problemas que vi acontecerem e prejudicarem a evolução desejada do Orçamento Participativo de Lisboa (OP). Explico porquê.

      Entre 2016 e 2017, fui o vereador da CML com responsabilidade executiva pelo OP. Uma experiência única que me permitiu conhecer de forma alargada e próxima os fatores motivacionais para a participação cívica na cidade. Quando iniciei funções, o OP já tinha perdido o efeito novidade e apresentava um visível processo de estagnação nos seus níveis de participação. Externamente, acusavam-no de falta de transparência processual e de baixos níveis de execução das propostas vencedoras. Internamente, era reconhecida o baixo envolvimento emocional dos vereadores e dos serviços municipais na execução proativa dos projetos OP. Enfrentava então dois importantes desafios: 1) reforçar os índices de credibilidade externa do OP, e; 2) estimular uma maior utilidade e utilização das propostas ao OP no processo de desenvolvimento dos próprios planos de atividades e opções políticas dos vereadores com pelouros.

      Com o lançamento do portal LisboaParticipa, e várias medidas de reforço da transparência e aceleração do processo de execução das propostas, foi possível recuperar a tendência de crescimento, com os anos de 2016 e 2017 a apresentarem números recorde de propostas e de votantes no OP. No entanto, nos anos seguintes, o OP voltou a decrescer nos seus indicadores de participação e notoriedade. Hoje, já são poucos os lisboetas que ainda falam no OP.

      Sempre o afirmei, o OP não era suficiente como instrumento de estímulo à participação cívica. Sentia que, se não fosse reformado, em poucos anos, perderia importância e capacidade de mobilização. Tinha vícios de forma que, em certas dimensões, eram até perversos à participação individual dos cidadãos. Por um lado, um exclusivo enfoque, quer do sufrágio externo, quer do esforço interno, nas poucas dezenas de propostas vencedoras, facto que desvalorizava e desperdiçava a enorme riqueza informacional que representavam as muitas centenas de propostas não vencedoras, verdadeiros barómetros reais do pulsar e das expectativas dos cidadãos da cidade. Por outro, uma evidente captura e instrumentalização do OP por grupos de interesses com elevada capacidade de mobilização para o voto corporativo (e.g: clubes desportivos, associações setoriais, e até mobilizações gerais organizadas pelas juntas de freguesia). Tinha ainda outro problema estrutural grave. O OP apenas permitia a participação dos cidadãos durante um período limitado reservado para submissão de propostas. Nos restantes meses, não havia outro instrumento semelhante para continuar a estimular e incentivar a participação. Era do género: tens uma ideia? Guarde-a e espera até ao próximo OP!

      Para obviar às limitações do OP, estudei e testei várias opções alternativas.

      O LisboaIdeia foi uma delas. Em final de mandato, o LisboaIdeia foi apenas uma rica experiência de poucos meses, que, embora ainda aprovada pelos órgãos do município, não foi possível consolidar em termos políticos. O LisboaIdeia era suportado numa plataforma online que permitia a submissão de propostas todos os dias do ano, e incentiva ao seu debate e votação em termos semelhante a uma rede social. Qualquer cidadão registado na plataforma poderia votar, com aprovação (likes), ou desaprovação (dislikes), as propostas apresentadas. Após um determinado período de tempo, as propostas que conseguissem mais de que um número definido de votos favoráveis líquidos de desfavoráveis, eram automaticamente remetidas para emissão de parecer pelo vereador responsável, o qual se deveria pronunciar sobre os respetivos méritos, limitações e outros aspetos relevantes, incluindo a sua posição política para a respetiva inclusão no âmbito do orçamento e plano de atividades do seu pelouro. Todo este processo era totalmente transparente e escrutínável por qualquer cidadão na plataforma LisboaIdeia.

      No arranque do CCL, permitam-me que recomende um instrumento semelhante ao LisboaIdeia como uma opção complementar importante para a consolidação futura deste novo órgão de participação da cidade.

      Procurar e saber ouvir os cidadãos não é uma forma mais cómoda de tomar decisões políticas, mas é a forma mais eficaz e inteligente para tomar as melhores decisões. As cidades são ecossistemas vivos complexos e com muitos interesses divergentes. O processo de estímulo à participação deve ser continuado, acessível e escrutínável. O CCL é uma boa ideia, mas penso que é ainda insuficiente. Há muitas outras LisboIdeias que não podemos deixar de aproveitar.

    • Senado
      Miguel de Castro Neto
      Senado

      Somos as comunidades que construímos

      As cidades, hoje motores de inovação e desenvolvimento económico, onde uma crescente concentração de pessoas e de actividades as desafia para a criação de riqueza e garantia da qualidade de vida de quem nelas vive, trabalha ou visita, têm também de responder à emergência climática, uma vez que têm especial responsabilidade em sede de impacto ambiental, como sejam o consumo de energia, a produção de resíduos e a emissão de gases com efeito de estufa.

      O processo em curso de construção de cidades inteligentes e sustentáveis, em que precisamente se tira partido da dupla transição verde e digital para responder simultaneamente aos desafios e tirar partido das oportunidades referidas, não deixando ninguém para trás, é hoje uma realidade inquestionável e fortemente alinhada com as prioridades europeias.

      A Missão 100 Cidades Inteligentes e Climaticamente Neutras, que irá financiar 100 cidades europeias para desenvolverem projectos que promovam alcançar a meta da neutralidade carbónica até 2030, é disso exemplo, antecipando o objectivo da União Europeia de fazer da Europa um continente climaticamente neutro em 2050. Neste grupo incluem-se Lisboa, Porto e Guimarães que, além da ambição de serem climaticamente neutras em 2030, se querem apresentar como exemplo inspirador de boas práticas a seguir, para cumprirmos colectivamente o desígnio estabelecido à escala europeia.

      E, se esta ideia de cidade inteligente e sustentável é, muitas vezes, automaticamente associada ao uso de tecnologia, não podemos perder de vista que esta é instrumental e que o nosso foco de acção não é a tecnologia, e sim as pessoas. Garantir a sua qualidade de vida e incluí-las na construção das cidades onde vivemos é o que deve guiar-nos pois, como referia Jane Jacobs, “as cidades têm a capacidade de responder às necessidades de todos, apenas porque e apenas quando são construídas por todos”. Esta é uma ambição global e que se encontra espelhada no ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, que estabelece objectivos de sustentabilidade, inclusão, resiliência e segurança a serem alcançados à escala global.

      Em linha com este ODS, é hoje inquestionável que as cidades só são inteligentes se forem capazes de construir comunidades, de criar condições para que a escala humana seja o palco da acção política e que o espaço urbano sustente e alavanque a interacção e a criação de laços entre as pessoas.

      Como referia o Papa quando falava na “Casa Comum”, na realidade, somos todos parte de uma comunidade global e a nossa sustentabilidade local apenas poderá acontecer se, quando falamos em inclusão, estivermos a referir-nos a todos os que pertencem à comunidade global da casa comum que partilhamos e que queremos entregar às próximas gerações nas mesmas ou em melhores condições do que a recebemos da geração anterior.

      Há mais de 30 anos, a 14 de Fevereiro de 1990, Carl Sagan pediu à sonda Voyager 1 da NASA que tirasse uma fotografia da Terra antes que a sonda saísse do sistema solar e, com base nessa fotografia, dizia: “Olhem novamente para esse ponto. Aquilo é aqui. Aquilo é casa. Aquilo somos nós.” Foi isso que o inspirou a escrever o livro “Pálido Ponto Azul”, em que destacava a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros e a urgência em preservarmos e protegermos o “pálido ponto azul”, o único lar que conhecemos até hoje.

      E nesta casa comum, o nosso lar, estávamos longe de imaginar que, depois da pandemia, íamos enfrentar uma guerra no continente europeu que atinge hoje níveis de barbárie impensáveis na sociedade contemporânea e que, tendo começado na Ucrânia, estamos longe de descobrir como e quando vai terminar. Dito isto, e em grande medida fruto da revolução tecnológica que vivemos, a cidade inteligente que construímos diariamente é hoje uma comunidade global, e não poderemos dizer amanhã que não sabíamos, como aconteceu no passado.

      Não podemos estar apenas empenhados, temos de estar comprometidos, pois o futuro da Ucrânia é o nosso futuro. A sustentabilidade, inclusão, segurança e resiliência não é apenas um desígnio estabelecido pelo ODS 11, mas um direito, e todos temos de fazer activamente o nosso papel na garantia do seu cumprimento.

      Nuno Sampaio
      Senado

      Da “democracia genuína”

      Um dos efeitos colaterais da invasão e da agressão da Rússia à Ucrânia é o avolumar da percepção de que estamos a assistir a uma batalha à escala global entre as democracias e os novos autoritarismos. Uma das questões que mais perturbam Vladimir Putin é uma integração da Ucrânia na Europa das democracias liberais. Ter uma democracia de sucesso na Ucrânia é, para Putin, um pesadelo. Além de boicotar os seus sonhos imperiais, é ter à porta de casa o que considera ser um modelo decadente e não muito apropriado para os povos eslavos e, certamente, um péssimo exemplo para o povo russo.

      No dia 25 de Março de 2022, o Presidente dos Estados Unidos da América deslocou-se a uma base militar na Polónia, a cerca de 70 km da fronteira com a Ucrânia, e nas palavras que dirigiu aos militares lançou a questão: “Então, a pergunta é: quem vai prevalecer? As democracias vão prevalecer - e os valores que partilhamos? Ou as autocracias vão prevalecer? E isso é realmente o que está em jogo.”

      A rivalidade entre democracias e regimes autoritários não é propriamente uma novidade no discurso de Joe Biden. Aliás, o regresso de uma visão normativa dos Estados Unidos como líder de uma comunidade internacional de democracias é uma das marcas da sua presidência.

      A discussão sobre os vícios e as virtudes dos regimes é tão antiga como a história do pensamento político. Mas uma das maiores provas do sucesso da democracia na batalha das ideias é a forma como mesmo aqueles que não a professam procuram invocar a sua legitimidade.

      Escassos 20 dias antes da invasão da Ucrânia, os Presidentes da China e da Rússia encontraram-se em Pequim e divulgaram uma declaração conjunta sobre a “entrada das Relações Internacionais numa Nova Era e o Desenvolvimento Sustentável Global”. É importante ler e reler este documento na íntegra, o que, aliás, pode ser feito, por exemplo, numa versão em inglês disponibilizada na página oficial do Kremlin. O primeiro ponto da declaração é dedicado às históricas virtudes democráticas da República Popular da China e da Federação Russa. Ao longo de vários parágrafos é explicado o entendimento de que a democracia é um valor humano universal, sobre o qual não pode ser imposta uma visão hegemónica. No final, os dois Estados declararam que “estão preparados para trabalhar em conjunto com todos os parceiros interessados em promover democracia genuína”.

      Além do entendimento de que cada país tem direito à sua democracia tendo em conta a sua história e cultura e que a defesa da democracia e dos direitos humanos não deve ser usada para colocar pressão sobre outros países, pouco mais é especificado sobre em que consiste a “democracia genuína”. Ironicamente, poderíamos saudar esta visão pluralista do conceito de democracia. Mas a verdade é que, por mais odes que façam à participação do povo no governo e ao desenvolvimento e bem-estar das populações, estes regimes não passam, clamorosamente, no mais simples teste democrático.

      O problema não é o de uma visão plural do conceito de democracia, a questão é que não há democracia sem pluralismo. Não há democracia sem direitos iguais de participação política de todos os cidadãos, o que inclui o direito à contestação e a possibilidade de substituir governos através de uma competição livre. Como sintetizou Robert Dahl, não há Estados democráticos sem: (1) representantes eleitos; (2) eleições livres, justas e frequentes; (3) liberdade de expressão; (4) informação alternativa; (5) autonomia de associação; (6) cidadania inclusiva. Ou seja, o teste ácido às democracias não é apenas o da participação dos cidadãos, mas também da natureza dessa participação. Só com a existência de condições objectivas de os governos serem livremente contestados e disputados em eleições competitivas e livres é que estamos perante um Estado democrático. Podem persistir as tentativas das autocracias de se apropriarem da palavra e até as de construção de um conceito de democracia iliberal, mas sem liberdade não há democracia. A partir daqui podemos discutir definições mais ou menos extensas de democracia, mas, sem isto, falar de “democracia genuína” é apenas mais uma falácia.

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      Eurico Brilhante Dias: tabelião de Costa no hemiciclo de São Bento
      Figura da Semana

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      André Martins: a guerra na Ucrânia provoca estilhaços
      Figura da Semana

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      O cartoon da semana, por A Matilha

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      Boa ou má moeda: as escolhas do NOVO

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A nova criação dos Hotel Europa, “Amores de Leste”, conta a história das relações familiares e afectivas de pessoas que viveram o período da Cortina de Ferro, do fascismo e do colonialismo. Um retrato singular das vidas comuns moldadas pela força da ideologia. Em estreia na Culturgest.
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