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Quarta-feira, 18 Maio 2022
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    • Política
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      Em marcha despedimento colectivo no PAN

      Marta Pacheco, prima da ex-deputada Cristina Rodrigues, é uma das funcionárias visadas. Críticos falam em “saneamento político” e acusam Sousa Real de colocar os desalinhados numa “lista negra”.
      Montenegro responde a Moreira da Silva: “Adoro debates”
      PSD, Liderança

      Montenegro responde a Moreira da Silva: “Adoro debates”

      Candidato à liderança social-democrata atira responsabilidades para o adversário por não se ter confirmado um duelo televisivo ou radiofónico. E responde às críticas de que não está preparado: “Pessoalmente ainda não retive nada da biodiversidade política vinda da outra candidatura”.
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      Lusíadas Saúde assegura serviço médico do Rock in Rio Lisboa

      Lusíadas Saúde assegura serviço médico do Rock in Rio Lisboa

      Hospital do Rock vai contar com a colaboração de cerca de 200 profissionais de saúde. Evento decorre nos dias 18, 19, 25 e 26 de Junho.
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      Pedrógão Grande: Ministério Público pede condenação de Valdemar Alves

      Além da condenação pedida para o ex-presidente da Câmara de Pedrógão Grande, MP quer condenação do antigo vice-presidente do município José Graça e da responsável do Gabinete Florestal da autarquia aquando dos incêndios de 2017.
    • Economia
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      Mais 84 mil desempregados no 4.º trimestre transitaram para o emprego no 1.º trimestre

      Mais de 67 mil pessoas “transitaram para a inactividade”, adianta esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística.
      Tarifas dos táxis vão subir em média mais de 8% a partir de Junho

      Tarifas dos táxis vão subir em média mais de 8% a partir de Junho

      Desde Janeiro de 2013 não houve actualização das tarifas do transporte em táxi.
    • Internacional
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      Silvio Berlusconi acusado pela procuradoria de Milão de ter “escravas sexuais”

      Durante o julgamento, a procuradora-adjunta afirmou que “o então primeiro-ministro costumava animar sistematicamente as suas noites recebendo na sua casa grupos de odaliscas, escravas sexuais a soldo”.
      Rússia expulsa 27 diplomatas espanhóis e 24 italianos

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      Anúncio da expulsão foi feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo poucos minutos depois de ter divulgado que iria também expulsar 34 diplomatas franceses e um dia depois de ter decidido expulsar dois diplomatas finlandeses.
    • Cultura
      Teatro Nacional São João atribui bolsas a sete artistas ucranianos refugiados em Portugal

      Teatro Nacional São João atribui bolsas a sete artistas ucranianos refugiados em Portugal

      Sete bolsas já atribuídas contemplam três actrizes, uma fotógrafa de cena, um videasta, uma pianista e uma bailarina e professora de dança.
      Eurovisão 2022

      Ucrânia vence Eurovisão

      Canção ucraniana, apontada como favorita, acabou por conseguir o primeiro lugar na final do festival, que decorreu na noite de sábado em Turim. Portugal, representado por MARO, ficou em nono lugar.
    • Desporto
      Roger Schmidt já é treinador do Benfica
      Futebol

      Roger Schmidt já é treinador do Benfica

      SAD encarnada oficializou junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a contratação do técnico alemão por duas temporadas
      SC Braga: Treinador da equipa B sucede a Carlos Carvalhal
      Futebol

      SC Braga: Treinador da equipa B sucede a Carlos Carvalhal

      Artur Jorge, antigo capitão e até aqui técnico da segunda equipa bracarense, é promovido à equipa A num processo idêntico aos de Rúben Amorim e Abel Ferreira.
    • Ambiente
      Portugal continental mantém-se em situação de seca no final de Abril

      Portugal continental mantém-se em situação de seca no final de Abril

      No último dia do mês passado, 8,5% do território de Portugal continental estava em seca fraca e 4,3% em seca severa. Não se registava seca extrema.
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    • Tecnologia
      Elon Musk suspende compra do Twitter

      Elon Musk suspende compra do Twitter

      Notícia da suspensão da compra fez com que as acções caíssem quase 20%.
      Ataques informáticos com resgate aumentaram 13%

      Ataques informáticos com resgate aumentaram 13%

      Ataques de ransomware estão a aumentar, com o Hospital Garcia de Orta a ser o alvo mais recente. Hackers exigiram pagamento em bitcoins.
    • Opinião
      Jorge Máximo
      Opinião

      Uma LISBOAIDEIA ao Conselho de Cidadãos

      No passado fim de semana, os Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa acolheram, com grande destaque noticioso, a primeira reunião do “Conselho de Cidadãos de Lisboa” (CCL), uma iniciativa que foi uma das promessas eleitorais do presidente eleito Carlos Moedas, que a anunciou como determinante para a sua política de incentivo e valorização da participação cívica no processo de governação da cidade.

      Durante 2 dias, 50 cidadãos de Lisboa selecionados entre mais de 2300 inscritos, propuseram e debateram ideias de medidas e iniciativas políticas para a cidade subordinadas ao tema das alterações climáticas. No final, foram compiladas 35 propostas que incluíram medidas globalmente consensuais, como a proposta de requalificação e devolução ao mercado de habitação das casas fechadas e devolutas, e outras mais polémicas, como a proposta de reduzir em 80% a entrada de automóveis na cidade e na Área Metropolitana de Lisboa até 2048! De acordo com o edil, as propostas aprovadas serão trabalhadas pelos serviços da câmara, com acompanhamento e envolvimento de representantes do CCL nas reuniões de trabalho.

      Como munícipe, considero o CCL uma iniciativa louvável, que valoriza a participação cívica fora do perímetro partidário, e a auscultação direta dos cidadãos no processo de tomada de decisão da cidade. A liderança da iniciativa pelo próprio presidente da CML é também um sinal muito importante. No entanto, e sem prejuízo dos seus méritos e bondade, subsistem-me fundadas dúvidas sobre eficácia do modelo para a sua consolidação futura e, mais importante, para a concretização das expectativas dos cidadãos participantes. Não por má vontade, mas por real experiência no terreno.

      No imediato, antecipo duas grandes ameaças ao sucesso futuro do CCL: 1) a reduzida frequência e o baixo rácio de participantes efetivo face ao total de candidatos inscritos (apenas 2%), facto que desincentiva e desaproveita a disponibilidade e o conhecimento de muitos cidadãos empenhados em contribuir para a cidade; 2) a ausência de uma plataforma online que permita a monitorização e o acompanhamento permanente de processo de deliberação, decisão e implementação das medidas propostas. Problemas que vi acontecerem e prejudicarem a evolução desejada do Orçamento Participativo de Lisboa (OP). Explico porquê.

      Entre 2016 e 2017, fui o vereador da CML com responsabilidade executiva pelo OP. Uma experiência única que me permitiu conhecer de forma alargada e próxima os fatores motivacionais para a participação cívica na cidade. Quando iniciei funções, o OP já tinha perdido o efeito novidade e apresentava um visível processo de estagnação nos seus níveis de participação. Externamente, acusavam-no de falta de transparência processual e de baixos níveis de execução das propostas vencedoras. Internamente, era reconhecida o baixo envolvimento emocional dos vereadores e dos serviços municipais na execução proativa dos projetos OP. Enfrentava então dois importantes desafios: 1) reforçar os índices de credibilidade externa do OP, e; 2) estimular uma maior utilidade e utilização das propostas ao OP no processo de desenvolvimento dos próprios planos de atividades e opções políticas dos vereadores com pelouros.

      Com o lançamento do portal LisboaParticipa, e várias medidas de reforço da transparência e aceleração do processo de execução das propostas, foi possível recuperar a tendência de crescimento, com os anos de 2016 e 2017 a apresentarem números recorde de propostas e de votantes no OP. No entanto, nos anos seguintes, o OP voltou a decrescer nos seus indicadores de participação e notoriedade. Hoje, já são poucos os lisboetas que ainda falam no OP.

      Sempre o afirmei, o OP não era suficiente como instrumento de estímulo à participação cívica. Sentia que, se não fosse reformado, em poucos anos, perderia importância e capacidade de mobilização. Tinha vícios de forma que, em certas dimensões, eram até perversos à participação individual dos cidadãos. Por um lado, um exclusivo enfoque, quer do sufrágio externo, quer do esforço interno, nas poucas dezenas de propostas vencedoras, facto que desvalorizava e desperdiçava a enorme riqueza informacional que representavam as muitas centenas de propostas não vencedoras, verdadeiros barómetros reais do pulsar e das expectativas dos cidadãos da cidade. Por outro, uma evidente captura e instrumentalização do OP por grupos de interesses com elevada capacidade de mobilização para o voto corporativo (e.g: clubes desportivos, associações setoriais, e até mobilizações gerais organizadas pelas juntas de freguesia). Tinha ainda outro problema estrutural grave. O OP apenas permitia a participação dos cidadãos durante um período limitado reservado para submissão de propostas. Nos restantes meses, não havia outro instrumento semelhante para continuar a estimular e incentivar a participação. Era do género: tens uma ideia? Guarde-a e espera até ao próximo OP!

      Para obviar às limitações do OP, estudei e testei várias opções alternativas.

      O LisboaIdeia foi uma delas. Em final de mandato, o LisboaIdeia foi apenas uma rica experiência de poucos meses, que, embora ainda aprovada pelos órgãos do município, não foi possível consolidar em termos políticos. O LisboaIdeia era suportado numa plataforma online que permitia a submissão de propostas todos os dias do ano, e incentiva ao seu debate e votação em termos semelhante a uma rede social. Qualquer cidadão registado na plataforma poderia votar, com aprovação (likes), ou desaprovação (dislikes), as propostas apresentadas. Após um determinado período de tempo, as propostas que conseguissem mais de que um número definido de votos favoráveis líquidos de desfavoráveis, eram automaticamente remetidas para emissão de parecer pelo vereador responsável, o qual se deveria pronunciar sobre os respetivos méritos, limitações e outros aspetos relevantes, incluindo a sua posição política para a respetiva inclusão no âmbito do orçamento e plano de atividades do seu pelouro. Todo este processo era totalmente transparente e escrutínável por qualquer cidadão na plataforma LisboaIdeia.

      No arranque do CCL, permitam-me que recomende um instrumento semelhante ao LisboaIdeia como uma opção complementar importante para a consolidação futura deste novo órgão de participação da cidade.

      Procurar e saber ouvir os cidadãos não é uma forma mais cómoda de tomar decisões políticas, mas é a forma mais eficaz e inteligente para tomar as melhores decisões. As cidades são ecossistemas vivos complexos e com muitos interesses divergentes. O processo de estímulo à participação deve ser continuado, acessível e escrutínável. O CCL é uma boa ideia, mas penso que é ainda insuficiente. Há muitas outras LisboIdeias que não podemos deixar de aproveitar.

      André Pardal
      Opinião

      Justiça pelas próprias mãos

      Aparentemente só, numa cela de transição de um dos piores Estabelecimentos Prisionais da África do Sul, já de si um dos Países – a par da China, Brasil ou México - conhecido pelo seu “brutal” sistema penitenciário, para onde decidiu “fugir” do veredicto da Justiça Portuguesa, João Rendeiro morreu.

      Há que lamentar, acima de tudo, a perda de uma vida humana, sem qualquer dignidade ou tutela, pelas suas “próprias mãos”, não obstante todos os prejuízos por ele causados em vida. É o denegar da Justiça, na plenitude de qualquer uma das suas funções. Mais do que filosofar sobe as circunstâncias da sua vida ou morte, importa neste momento lamentar o falhanço – quase – integral do Estado Português neste caso.

      Falhanço porque, enquanto era rico e poderoso, Rendeiro passeou alegremente nos salões de outros “ricos e poderosos” da nossa praça sem ser incomodado, venerado até, porque “veio de baixo”, era “inteligente e ambicioso” e “fazia as coisas acontecerem”, como tantos outros antes de – fatalmente - caírem em desgraça.

      Falhanço da Justiça nacional que – quase caricaturalmente – permitiu que, aquando do trânsito em julgado de um dos três processos pelos quais respondia criminalmente, mantivesse o Passaporte que lhe permitiu viajar para Londres, primeiro, e, de seguida, para o seu exílio na África do Sul.

      E, falhanço, porque, uma vez na África do Sul, seja a rede diplomática nacional, seja o sistema judicial, não conseguiram assegurar que se fizesse justiça. O que aconteceu com João Rendeiro deveria envergonhar-nos a todos enquanto cidadãos.

      Numa época em que saúde mental – que levou à sua morte - e direitos humanos – os mesmos que a Advogada de Rendeiro informou a ONU que estariam a ser violados, logo em janeiro – tanto enchem parangonas de jornais, deveriam fazer-nos pensar sobre este caso, e a hipocrisia que grassa em cada um de nós. Mas, como sempre acontece nestes casos – daí a classificação medíocre que os portugueses, os melhores juízes, atribuem à justiça – não haverá qualquer tipo de responsabilização pelos falhanços ocorridos. Corporações bem cientes dos seus “poderes” fechar-se-ão hermeticamente nas suas torres de marfim medievais.

      Num verdadeiro Estado de Direito, os responsáveis – da Justiça, à Diplomacia, passando pelas autoridades policiais - que se pavonearam por diversos órgãos de comunicação social aquando da detenção-espetáculo, deveriam, agora, prestar esclarecimentos aos portugueses sobre este caso.

      Independentemente da sua condenação e do sentimento dos milhares a quem lesou, João Rendeiro era um cidadão português, foragido à Justiça – é certo – mas cujos direitos e dignidade deveriam ter sido acautelados. Não vivemos no Século XXI para umas coisas e na Idade Média para outras, porque, no fim do dia, Justiça pelas próprias mãos é a negação da Justiça, e foi exatamente isso que aconteceu.

    • Senado
      Miguel de Castro Neto
      Senado

      Somos as comunidades que construímos

      As cidades, hoje motores de inovação e desenvolvimento económico, onde uma crescente concentração de pessoas e de actividades as desafia para a criação de riqueza e garantia da qualidade de vida de quem nelas vive, trabalha ou visita, têm também de responder à emergência climática, uma vez que têm especial responsabilidade em sede de impacto ambiental, como sejam o consumo de energia, a produção de resíduos e a emissão de gases com efeito de estufa.

      O processo em curso de construção de cidades inteligentes e sustentáveis, em que precisamente se tira partido da dupla transição verde e digital para responder simultaneamente aos desafios e tirar partido das oportunidades referidas, não deixando ninguém para trás, é hoje uma realidade inquestionável e fortemente alinhada com as prioridades europeias.

      A Missão 100 Cidades Inteligentes e Climaticamente Neutras, que irá financiar 100 cidades europeias para desenvolverem projectos que promovam alcançar a meta da neutralidade carbónica até 2030, é disso exemplo, antecipando o objectivo da União Europeia de fazer da Europa um continente climaticamente neutro em 2050. Neste grupo incluem-se Lisboa, Porto e Guimarães que, além da ambição de serem climaticamente neutras em 2030, se querem apresentar como exemplo inspirador de boas práticas a seguir, para cumprirmos colectivamente o desígnio estabelecido à escala europeia.

      E, se esta ideia de cidade inteligente e sustentável é, muitas vezes, automaticamente associada ao uso de tecnologia, não podemos perder de vista que esta é instrumental e que o nosso foco de acção não é a tecnologia, e sim as pessoas. Garantir a sua qualidade de vida e incluí-las na construção das cidades onde vivemos é o que deve guiar-nos pois, como referia Jane Jacobs, “as cidades têm a capacidade de responder às necessidades de todos, apenas porque e apenas quando são construídas por todos”. Esta é uma ambição global e que se encontra espelhada no ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, que estabelece objectivos de sustentabilidade, inclusão, resiliência e segurança a serem alcançados à escala global.

      Em linha com este ODS, é hoje inquestionável que as cidades só são inteligentes se forem capazes de construir comunidades, de criar condições para que a escala humana seja o palco da acção política e que o espaço urbano sustente e alavanque a interacção e a criação de laços entre as pessoas.

      Como referia o Papa quando falava na “Casa Comum”, na realidade, somos todos parte de uma comunidade global e a nossa sustentabilidade local apenas poderá acontecer se, quando falamos em inclusão, estivermos a referir-nos a todos os que pertencem à comunidade global da casa comum que partilhamos e que queremos entregar às próximas gerações nas mesmas ou em melhores condições do que a recebemos da geração anterior.

      Há mais de 30 anos, a 14 de Fevereiro de 1990, Carl Sagan pediu à sonda Voyager 1 da NASA que tirasse uma fotografia da Terra antes que a sonda saísse do sistema solar e, com base nessa fotografia, dizia: “Olhem novamente para esse ponto. Aquilo é aqui. Aquilo é casa. Aquilo somos nós.” Foi isso que o inspirou a escrever o livro “Pálido Ponto Azul”, em que destacava a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros e a urgência em preservarmos e protegermos o “pálido ponto azul”, o único lar que conhecemos até hoje.

      E nesta casa comum, o nosso lar, estávamos longe de imaginar que, depois da pandemia, íamos enfrentar uma guerra no continente europeu que atinge hoje níveis de barbárie impensáveis na sociedade contemporânea e que, tendo começado na Ucrânia, estamos longe de descobrir como e quando vai terminar. Dito isto, e em grande medida fruto da revolução tecnológica que vivemos, a cidade inteligente que construímos diariamente é hoje uma comunidade global, e não poderemos dizer amanhã que não sabíamos, como aconteceu no passado.

      Não podemos estar apenas empenhados, temos de estar comprometidos, pois o futuro da Ucrânia é o nosso futuro. A sustentabilidade, inclusão, segurança e resiliência não é apenas um desígnio estabelecido pelo ODS 11, mas um direito, e todos temos de fazer activamente o nosso papel na garantia do seu cumprimento.

      Nuno Sampaio
      Senado

      Da “democracia genuína”

      Um dos efeitos colaterais da invasão e da agressão da Rússia à Ucrânia é o avolumar da percepção de que estamos a assistir a uma batalha à escala global entre as democracias e os novos autoritarismos. Uma das questões que mais perturbam Vladimir Putin é uma integração da Ucrânia na Europa das democracias liberais. Ter uma democracia de sucesso na Ucrânia é, para Putin, um pesadelo. Além de boicotar os seus sonhos imperiais, é ter à porta de casa o que considera ser um modelo decadente e não muito apropriado para os povos eslavos e, certamente, um péssimo exemplo para o povo russo.

      No dia 25 de Março de 2022, o Presidente dos Estados Unidos da América deslocou-se a uma base militar na Polónia, a cerca de 70 km da fronteira com a Ucrânia, e nas palavras que dirigiu aos militares lançou a questão: “Então, a pergunta é: quem vai prevalecer? As democracias vão prevalecer - e os valores que partilhamos? Ou as autocracias vão prevalecer? E isso é realmente o que está em jogo.”

      A rivalidade entre democracias e regimes autoritários não é propriamente uma novidade no discurso de Joe Biden. Aliás, o regresso de uma visão normativa dos Estados Unidos como líder de uma comunidade internacional de democracias é uma das marcas da sua presidência.

      A discussão sobre os vícios e as virtudes dos regimes é tão antiga como a história do pensamento político. Mas uma das maiores provas do sucesso da democracia na batalha das ideias é a forma como mesmo aqueles que não a professam procuram invocar a sua legitimidade.

      Escassos 20 dias antes da invasão da Ucrânia, os Presidentes da China e da Rússia encontraram-se em Pequim e divulgaram uma declaração conjunta sobre a “entrada das Relações Internacionais numa Nova Era e o Desenvolvimento Sustentável Global”. É importante ler e reler este documento na íntegra, o que, aliás, pode ser feito, por exemplo, numa versão em inglês disponibilizada na página oficial do Kremlin. O primeiro ponto da declaração é dedicado às históricas virtudes democráticas da República Popular da China e da Federação Russa. Ao longo de vários parágrafos é explicado o entendimento de que a democracia é um valor humano universal, sobre o qual não pode ser imposta uma visão hegemónica. No final, os dois Estados declararam que “estão preparados para trabalhar em conjunto com todos os parceiros interessados em promover democracia genuína”.

      Além do entendimento de que cada país tem direito à sua democracia tendo em conta a sua história e cultura e que a defesa da democracia e dos direitos humanos não deve ser usada para colocar pressão sobre outros países, pouco mais é especificado sobre em que consiste a “democracia genuína”. Ironicamente, poderíamos saudar esta visão pluralista do conceito de democracia. Mas a verdade é que, por mais odes que façam à participação do povo no governo e ao desenvolvimento e bem-estar das populações, estes regimes não passam, clamorosamente, no mais simples teste democrático.

      O problema não é o de uma visão plural do conceito de democracia, a questão é que não há democracia sem pluralismo. Não há democracia sem direitos iguais de participação política de todos os cidadãos, o que inclui o direito à contestação e a possibilidade de substituir governos através de uma competição livre. Como sintetizou Robert Dahl, não há Estados democráticos sem: (1) representantes eleitos; (2) eleições livres, justas e frequentes; (3) liberdade de expressão; (4) informação alternativa; (5) autonomia de associação; (6) cidadania inclusiva. Ou seja, o teste ácido às democracias não é apenas o da participação dos cidadãos, mas também da natureza dessa participação. Só com a existência de condições objectivas de os governos serem livremente contestados e disputados em eleições competitivas e livres é que estamos perante um Estado democrático. Podem persistir as tentativas das autocracias de se apropriarem da palavra e até as de construção de um conceito de democracia iliberal, mas sem liberdade não há democracia. A partir daqui podemos discutir definições mais ou menos extensas de democracia, mas, sem isto, falar de “democracia genuína” é apenas mais uma falácia.

    • Figura da Semana
      Eurico Brilhante Dias: tabelião de Costa no hemiciclo de São Bento
      Figura da Semana

      Eurico Brilhante Dias: tabelião de Costa no hemiciclo de São Bento

      André Martins: a guerra na Ucrânia provoca estilhaços
      Figura da Semana

      André Martins: a guerra na Ucrânia provoca estilhaços

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      O cartoon da semana, por A Matilha

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      Boa ou má moeda: as escolhas do NOVO

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    Jorge Máximo
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    Somos governados pelas influencers

    Tiago Mendonça




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Feng Shen: o chinês que dizia ser da ONU e terá conseguido um visto gold em Portugal com documentos falsos
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Feng Shen: o chinês que dizia ser da ONU e terá conseguido um visto gold em Portugal com documentos falsos

Esta é a mirabolante história de um homem chinês que conseguiu enganar as autoridades e obter um visto gold em Portugal. Feng Shen terá causado burlas de milhões a cidadãos portugueses e chineses com promessas de “abrir portas”, depois de alegadamente ter cometido outras duas burlas: fingido ser director de um departamento da ONU (lembra-se de Baptista da Silva?) e obtido um visto gold a partir de um suposto registo criminal limpo, o que também seria uma fraude. SEF confirma estar a investigar o caso.
  • Sílvia Caneco-
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  • 17.05.2022, 10:40
Bases de dados do SEF com o Governo? Chega quer chamar PGR ao Parlamento
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Partido de André Ventura reagiu à notícia do NOVO de que procuradores, polícias e inspectores estão revoltados com a intenção do Governo de colocar as bases de dados do SEF com o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, ou seja, na dependência directa de António Costa.
  • NOVO-
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Ministério Público e polícias contra base de dados do SEF sob tutela do primeiro-ministro
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Polícias, inspectores e procuradores criticam intenção do Governo de colocar bases de dados do SEF na dependência do primeiro-ministro e alertam para os perigos. Estas guardam informações indispensáveis à investigação criminal: dos suspeitos procurados no espaço Schengen aos registos de entradas e saídas de estrangeiros em Portugal. E há ainda dados enviados por outros países.
  • Sílvia Caneco-
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  • 13.05.2022, 09:00
A tripulação da lancha “Bojador”, da GNR
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Lancha “Bojador” da GNR parte para operação conjunta da Frontex em Itália

Durante a próxima semana, a 14 de Março, serão destacados 21 militares da GNR que constituem a tripulação do Bojador e que integrarão a Operação “THEMIS 2022” na zona de Sardenha, Itália, para controlar fluxos de migração e impedir a criminalidade transfronteiriça.
  • Rute Coelho-
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  • 10.03.2022, 13:00
Crescem as fake news sobre ciberataques com o escalar do conflito entre Rússia e Ucrânia
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Crescem as fake news sobre ciberataques com o escalar do conflito entre Rússia e Ucrânia

A Check Point Research (CPR) investigou as reivindicações de três grupos de hacktivistas – AgainstTheWest, KelvinSecurity e Killnet – e comprovou que são falsas. Os alegados ciberataques no maior motor de busca russo, Yandex, e dois outros alvos, uma central nuclear russa e o website do grupo Anonymous , foram desacreditados pela CPR.
  • Rute Coelho-
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Portugal tem 48 procuradores especializados em cibercrime
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Nunca houve tantos crimes informáticos como agora e todas as organizações são alvo de tentativas diárias de ataque. Gabinete do Cibercrime da PGR tem 48 magistrados especializados, em todas as comarcas. Sectores como a energia, banca e telecomunicações têm “grau de maturidade elevado”
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  • 05.03.2022, 09:00
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