Setúbal. Verdes podem ter primeiro líder autárquico

Nenhum partido repete os candidatos de 2017. A comunista Maria das Dores Meira, agora concorrente em Almada, deixa uma vaga que o PS quer recuperar: há 20 anos que Setúbal foge aos socialistas. Se vencer, André Martins - cabeça-de-lista da CDU - será o primeiro presidente de câmara filiado no PEV.

Setúbal pode tornar-se um dos palcos de maior confronto entre socialistas e comunistas nestas autárquicas, aproveitando o facto de a presidente da Câmara cessante, Maria das Dores Meira, estar impedida de se recandidatar por ter atingido o limite de três mandatos consecutivos imposto na lei.

A popular autarca, eleita desde 2009 pela CDU, trocou Setúbal pela corrida à Câmara de Almada. Na cidade do Sado, a coligação entre comunistas e verdes apresenta agora uma lista encabeçada pelo sociólogo André Martins, que foi deputado do PEV na Assembleia da República e preside à Assembleia Municipal de Setúbal.

O candidato, de 68 anos, conhece bem a máquina autárquica. Foi vereador do urbanismo - eleito pela primeira vez em 2001, também ano da estreia de Dores Meira na vereação setubalense. Em 2006, ascendeu à vice-presidência quando ela substituiu Carlos Sousa no posto principal da autarquia. E, desde então, funcionou como braço-direito da autarca. Quer manter a aposta no turismo, recuperar mais património e reforçar a preservação ambiental do estuário do Sado e da serra da Arrábida, pulmão natural da cidade.

André Martins enfrenta o deputado socialista Fernando José, com 49 anos, já vereador no município. O PS dominou Setúbal no primeiro mandato autárquico, entre 1976 e 1979, mas depois cedeu a liderança aos comunistas. Recuperou o município em 1985 para o perder novamente, 16 anos depois. Há duas décadas que a Câmara setubalense lhe foge, daí a aposta que o partido faz na tentativa de a recuperar.

A lista rosa à Assembleia Municipal é encabeçada por Ana Catarina Mendes, líder parlamentar e um dos nomes mais próximos de António Costa. O primeiro-ministro já por ali passou, em apoio a Fernando José, e deixou um vaticínio: “Vamos ganhar de novo em Setúbal.” Defendem a instalação das “indústrias do futuro” na cidade e o aproveitamento local das verbas da “bazuca” europeia.

O PSD apresenta Fernando Negrão, actual vice-presidente da Assembleia da República e ex-líder parlamentar laranja. Aos 65 anos, este juiz de carreira que chegou a ser ministro da Segurança Social e da Justiça espera repetir ou até superar a proeza alcançada em 2005, quando conseguiu o melhor resultado de sempre do partido no concelho: 25,4%. Motivo invocado para se candidatar: “Quero fazer de Setúbal uma cidade onde muitos querem trabalhar e viver.”

Há quatro anos, o Bloco de Esquerda superou a fasquia dos 5% mas sem conseguir eleger representante no executivo municipal. Desta vez trocou Sandra Cunha, anterior cabeça-de-lista, por Fernando Pinho, mestre em Educação Artística e antigo docente no Instituto Politécnico de Setúbal. Não poupa críticas à gestão da CDU. O candidato, de 66 anos, exige o livre acesso da população a Tróia, onde os preços para frequentar a praia se tornaram “incomportáveis”. Recusa ver a cidade transformada no “caixote dos lixos tóxicos do Vale da Rosa e da zona da Mitrena”. E reclama a construção da biblioteca “há 35 anos prometida”, porque Setúbal é hoje “a única capital de distrito sem uma biblioteca com dignidade”.

Na campanha setubalense surgem também o CDS (representado pelo independente Pedro Conceição, empresário, 50 anos), a Iniciativa Liberal (que tem como cabeça-de-lista o independente Carlos Cardoso, gestor, professor do ensino superior e ex-jogador de futebol, 59 anos), o PAN (com Paula Esteves da Costa, 52 anos, contabilista), o Chega (com Luís Maurício, 42 anos, líder distrital do partido), a convergência RIR/PDR (com Carina Deus, 35 anos, técnica de análises clínicas) e a coligação Nós, Cidadãos/PPM (com o empresário Fidélio Guerreiro, um independente de 78 anos que foi destacado militante local do PS).

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