Presidente da República mais interventivo irrita Costa

Marcelo Rebelo de Sousa vai ter “cada vez mais um papel interventor”, porque a crise social vai agravar-se: é esta a opinião de Vítor Ramalho, consultor em Belém durante os dois mandatos de Mário Soares. O comentador Marques Mendes também prevê “um Presidente mais firme a combater os excessos da maioria absoluta”. Costa não escondeu a irritação com a entrevista à RTP, mas há quem prefira destacar os sinais de que a legislatura vai até ao fim.



António Costa demorou quase uma semana a responder à entrevista em que o Presidente da República colou o Governo a uma “maioria requentada” e “cansada”. A primeira reacção do PS, apontando para uma análise “equilibrada”, foi “puro cinismo político”, como realçou o constitucionalista Vital Moreira, mas o primeiro-ministro tornou evidente que a entrevista à RTP não agradou aos socialistas e aprofundou o distanciamento entre Belém e São Bento.

“É óbvio que o Presidente quis marcar uma posição mais firme”, diz ao NOVO Vítor Ramalho, consultor em Belém durante os dois mandatos de Mário Soares e ex-deputado do PS. O socialista viu na entrevista de Marcelo mais um sinal de que o ambiente entre a Presidência e o Governo vai mudar: “O Presidente da República vai ter cada vez mais um papel interventor. E, mesmo que não o desejasse, não podia deixar de o ter, porque a situação social vai agravar-se.”

Marques Mendes, conselheiro de Estado, considera que, nos últimos meses, o Presidente tem sido “cada vez mais crítico da acção governativa”. O processo de descolagem “já tinha começado há alguns meses” e os três anos que faltam do mandato exigem um Presidente mais activo. “Vai ter de ser cada vez mais firme a combater os excessos da maioria absoluta.”

Leia o artigo na íntegra na edição impressa do NOVO deste sábado, 18 de Março.

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