O 40º congresso do PSD, que arrancou esta sexta-feira no Porto, ficou marcado pela entrada lado a lado do presidente do partido cessante, Rui Rio, e do líder eleito, Luís Montenegro. Objectivo: mostrar uma transição tranquila.
Na hora de se despedir do cargo de presidente do PSD, Rui Rio, sublinhou que há “sempre um princípio, meio e fim”, mas que preparou a sua saída “sem dramas, e sem truques”. E terminou a sua intervenção de balanço com um desejo em jeito de repto para o futuro: “ Espero que o PSD vença como sempre venceu”.
Já antes Rui Rio tinha deixado “votos” a Luís Montenegro “para que consiga construir uma alternativa social-democrata ao Governo do PS que, como já se adivinhava e como o PSD sempre disse, está a conduzir Portugal para um patamar de atraso e ineficácia”.
Numa análise ao seu consulado, o líder cessante rejeitou, algo indignado, as análises de mimetismo de que o PSD “está a definhar”.
E deixou uma pergunta: “Como é possível afirmar tal despautério?”. O presidente cessante do PSD desfiou depois as vitórias em eleições regionais e os resultados autárquicos de 2021.
Na defesa dos valores da gratidão e da ética (prestou também homenagem a Zeca Mendonça e António Topa), Rui Rio ainda considerou que tem estado na política “despido da vaidade, da inveja e da mentira”. E assegurou “saber sair na altura certa, entendendo o dever de passar o testemunho com desprendimento e, acima de tudo” com o devido respeito a quem nele confiou.
Antes, defendeu que os “problemas de ordem interna e externa que temos de enfrentar não se compadecem com falta de coragem nem com calculismos tácticos que visem obediência a outros interesses que não o interesse nacional”. Ou seja, manteve sempre o mantra que o guiou ao longo de quatro anos e quatro meses no cargo de líder do PSD: o país acima de tudo.
Para o efeito, Rio lembrou que estar em política de forma séria não é recorrer a técnicos de marketing “a peso de ouro”, numa farpa ao PS e ao primeiro-ministro, e numa alusão indirecta às legislativas de Janeiro. Numa análise ao estado do país e, perante a situação internacional, Rio concluiu que “é notório que Portugal se preparou mal para a adversidade que tem de se enfrentar”.
Meia hora antes do arranque dos trabalhos, Rio desdobrou-se em entrevistas televisivas onde ensaiou parte da sua intervenção. Na hora da despedida, o líder em funções do PSD disse que não teria feito mudanças estruturais e que se fosse Presidente da República teria sido “mais duro” no caso do aeroporto. “Agora vou parar”, fazer “férias a sério”, e uma reflexão sobre o que fazer a seguir, assegurou na SIC- Notícias. Mais à frente, na RTP, insistiu que o seu discurso final não era um adeus, mas uma reflexão. E ficou a promessa de recato: “Não vou fazer o mesmo que me fizeram a mim”.