Partidos reagem: PSD diz que apoios “vêm tarde” e “perpetuam empobrecimento”

Iniciativa Liberal acusa Governo de “dar com uma mão aquilo que tirou com duas” e Chega diz que pacote é um “tiro de pólvora seca” e um “exercício de propaganda”.

O PSD considerou que os apoios anunciados nesta sexta-feira pelo Governo para as famílias “vêm tarde”, “são curtos” e “perpetuam o empobrecimento dos portugueses”, sublinhando que “ignoram completamente a classe média”.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e a ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, apresentaram, esta sexta-feira, 24 de Março, as novas medidas de apoio para mitigar o aumento do custo de vida, com apoios às famílias que não conseguem fazer frente ao aumento do custo de vida com os seus rendimentos.

Em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, começou por dizer que “qualquer apoio às famílias mais vulneráveis é positivo”.

“Sendo um apoio positivo, é um apoio que vem tarde. O PSD tem insistido que o Governo já devia ter apoiado mais as famílias”, declarou.

Para os sociais-democratas, o Governo está a “perpetuar o empobrecimento dos portugueses, cobra receita fiscal como nunca cobrou e redistribui uma pequena parte”.

Quando questionado se o aumento de 1% para os funcionários públicos é suficiente, o líder parlamentar do PSD considerou que está “muito aquém da perda de poder de compra”, defendendo que “devia acompanhar o nível da inflação”.

Por outro lado, o líder parlamentar do PSD acusou o Governo de “hipocrisia” sobre bens os alimentares, isto porque “quando o PSD apresentou um programa de emergência em Setembro, disse que esse apoio tinha de ser dirigido ao cabaz alimentar. Passados seis meses, o Governo reconheceu problemas com o cabaz alimentar, mas não anuncia nada: não sabemos o que é o acordo com a distribuição e produção e não sabemos que bens vão ter IVA zero”, alertou.

Finalmente, sobre o anúncio de que o défice de 2022 ficou em 0,4%, o líder parlamentar do PSD salientou “ser importante que o país tenha as contas equilibradas.”

Chega diz que medidas são “tiro de pólvora seca”

O líder do Chega, André Ventura, considerou, por sua vez, que o pacote de ajudas é um “tiro de pólvora seca” e disse ter “zero confiança” na eficácia das medidas.

“A confiança que temos na eficácia destas medidas é zero”, enfatizou André Ventura, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.

Numa primeira reacção às medidas de apoio, o líder do Chega afirmou que “este programa é um tiro de pólvora seca e é um exercício de propaganda”, fundamentando que os apoios “esquecem em absoluto a classe média e as empresas” e vão “ser muito pouco, um quase nada para os portugueses” face à “crise efectiva de rendimentos”.

IL acusa Governo de “dar com uma mão aquilo que tirou com duas”

O presidente da IL, Rui Rocha, argumentou que as medidas representam um “orçamento rectificativo”, acusando o executivo socialista de “dar com uma mão aquilo que tirou com duas ao último dos últimos meses”.

“A primeira nota sobre o pacote de medidas tem a ver com o facto de terem passado 90 dias, desde que entrou em vigor o Orçamento do Estado para 2023 e, em rigor, aquilo que o ministro das Finanças, Fernando Medina, apresentou hoje é um orçamento rectificativo”, sustentou Rui Rocha.

Na opinião dos liberais, o que o executivo socialista fez foi “dar com uma mão aquilo que tirou com duas ao longo dos últimos meses”.

Considerando que aquilo que era necessário era uma “redução clara dos impostos”, Rui Rocha defendeu que “teria sido melhor começar por agradecer aos portugueses e até pedir-lhes desculpa”, uma vez que “os portugueses cortam nos seus gastos, têm dificuldades em chegar ao fim do mês” e o Governo continua a cobrar “impostos extraordinários”.

BE culpa o Governo de “brincar com o desespero das famílias”

O Bloco de Esquerda acusou o Governo de ter uma almofada financeira “que não usou” para responder às dificuldades, considerando que as medidas de apoios “são insuficientes” e sem “coragem para fazer a diferença”.

Numa primeira reação às medidas de apoio, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, denunciou o Estado de ter “uma margem financeira, uma almofada financeira que não usou em devido tempo. Tinha, não quis usar e por isso a situação a que nós chegamos agora é responsabilidade do Governo”.

“O Governo andou a brincar, anda a brincar com o desespero das famílias”, criticou o líder bloquista.

Segundo Pedro Filipe Soares, o executivo “deixou passar tempo que é precioso para responder à dificuldade das famílias com uma almofada financeira que não usou”, considerando que “foi uma escolha do Governo”.

PAN alega que Estado está a “encher bolsos”

Já o PAN culpou o Governo de estar a “encher os bolsos” em vez de “dar a mão às famílias”, considerando que as medidas “pecam por tardias”.

Em declarações aos jornalistas, a deputada e porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, salientou que o partido já tinha proposto o IVA zero para o cabaz essencial nos Orçamentos do Estado para 2022 e 2023, tendo alertado “desde o primeiro momento para o impacto do custo de vida”.

Paralelamente, lembrou ainda que o PAN também já tinha feito uma recomendação ao Governo para que fosse obrigatório um relatório mensal sobre os preços praticados nas grandes superfícies, aconselhando o executivo a incluir esta proposta no acordo que “está a negociar com a produção e a distribuição”.

Livre afirma que medidas do Governo são “demasiado pouco”

O deputado único do Livre, Rui Tavares, apontou que as medidas são “demasiado pouco”, surgem “demasiado tarde” e “não se entendem bem”.

“O Governo apresenta uma série de medidas que vêm demasiado tarde, constituindo demasiado pouco, que não se entendem bem, e que não vêm na altura certa da curva da inflação”, sustentou Rui Tavares, em declarações aos jornalistas.

Comparando o Orçamento do Estado para 2023 a um carro, Rui Tavares defendeu ainda que “o Governo travou a fundo para garantir que tinha um défice que na altura esperavam que fosse de 1,9%, numa altura em que a economia precisava de um cheirinho de acelerador”.

PCP declara que medidas do Governo é “manifestamente limitadas e parcelares”

Para o PCP as medidas do Governo não respondem aos problemas enfrentados pela população, defendendo o aumento geral dos salários e a fixação de preços dos bens essenciais.

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, alegou que as medidas são “manifestamente limitadas e parcelares” para responder a problemas como o aumento do custo de vida, a perda de poder compra ou “os escandalosos lucros dos grupos económicos”.

As medidas “não só não respondem a este conjunto de problemas, como consolidam o aumento dos preços dos bens essenciais e não combatem a especulação por parte dos preços e dos lucros que muitos grupos económicos têm ganho”, reforçou.

A deputada comunista antecipou ainda que a taxa zero no IVA dos bens alimentares essenciais será absorvida pelos lucros da grande distribuição, e não se vai traduzir numa “redução do preço dos bens essenciais”.

[Notícia actualizada às 16h00]

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