Luís Montenegro reagiu, na noite desta quarta-feira, à polémica na Marinha, assegurando que “nunca” vai “legitimar actos de indisciplina”. O presidente do PSD defendeu, porém, que não deve ser feita uma “prévia condenação” dos 13 militares que, no passado sábado, se recusaram a embarcar no navio Mondego alegando falta de condições de segurança.
“Espero que a Marinha portuguesa faça uma avaliação bem profunda, sem complexos, daquilo que se está a passar para sabermos quem é que tem razão”, afirmou o social-democrata à margem da assembleia distrital de Évora do PSD, onde a nova comissão política distrital assumiu funções.
Apesar de assegurar que “nunca” vai “legitimar actos de indisciplina”, Luís Montenegro alertou para a necessidade de não condenar os militares sem antes apurar os detalhes da situação que os levou a recusar embarcar na missão. “Podemos ter razões para compreender aqueles que se recusaram a fazer aquela operação e temos de ter abertura de espírito para isso, não partir já para uma prévia condenação desse acto.”
Depois de apuradas as circunstâncias, caberá então ao Chefe do Estado-Maior da Armada tirar conclusões, como defendeu o líder social-democrata. “As nossas Forças Armadas precisam de disciplina, não há dúvida nenhuma, mas a disciplina tem que ser escrutinada por aqueles que são os destinatários das orientações e também por aqueles que são os emissários das orientações”, afirmou.
Luís Montenegro aproveitou ainda para apontar o dedo a António Costa, alegando que é preciso saber se o primeiro-ministro “está em condições” de “assegurar a Portugal que a Marinha tem todos os equipamentos e todos os recursos para cumprir a sua missão”, disse, vincando que “não é de dizer, como disse hoje, que o almirante Gouveia e Melo vai tratar de saber se houve ou não respeito pelas regras de disciplina” porque “isso não é a função do primeiro-ministro”.
Este tema veio a público, na segunda-feira, quando a Marinha confirmou que 13 militares do navio NRP Mondego, que se encontra atribuído à Zona Marítima da Madeira, recusaram ocupar os postos na preparação da largada para execução de uma missão - acompanhar um navio russo a norte da ilha do Porto Santo. Os operacionais alegaram falta de condições de segurança já que a embarcação estava com uma avaria.
A Marinha considerou, por isso, que os 13 operacionais “não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respectivos”. A entidade assegurou ainda que “factos estão a ser apurados em detalhe e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso”.
Esta ramo das Forças Armadas confirmou ainda a avaria no navio, mas defendeu que a missão em causa era “de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas”, acrescentando que os navios de guerra “podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança”, uma vez que têm “sistemas muito complexos e muito redundantes”.