Louçã elege Mariana Mortágua para ministra das Finanças

O senador do Bloco de Esquerda diz que, quando isso acontecer, o Estado deixará de ser o porquinho mealheiro do Novo Banco

Foi o aplauso mais sonoro que se ouviu neste sábado no pavilhão de Matosinhos, onde decorre a XII Convenção do Bloco de Esquerda. Falava Francisco Louçã e os delegados gostaram de ouvir o senador bloquista, sobretudo no momento em que afirmou que “quando a Mariana Mortágua for a ministra das Finanças, o Estado não será porquinho mealheiro para pagar o Novo Banco”.

Louçã disse ainda que, quando a deputada que tem sido uma das principais protagonistas na comissão de inquérito parlamentar ao BES for ministra das Finanças, também “não haverá traquinices” como a do palheiro, numa referência ao património declarado pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, um dos maiores devedores do banco.

Louçã, que também já foi coordenador do BE, começou por elogiar o papel de Catarina Martins na liderança do partido, nomeadamente o papel que teve no afastamento da direita do poder. “Com esta fórmula do BE, temos agora a certeza de proteger a maioria absoluta e que a direita não volta ao poder. O BE é a única força da esquerda que não virou ao centro”, afirmou.

A cada dia que passa, disse Louçã, “percebe-se a falta que faz um Ministério de Finanças que não defenda o povo”, que considerou também que a credibilidade passa por “não enganar o país com contas mirabolantes”, mas sim com “a garantia de contas limpas”. E finalizou: “O País precisa da hora da esquerda.”

Mortágua: “Socialismo não é só um nome”

Momentos antes de Francisco Louçã, falou Joana Mortágua, que lamentou que passados 22 anos da criação do partido, as elites ainda não compreendem o Bloco de Esquerda.

“Quando Catarina Martins desafiou António Costa em 2015, ficaram desorientados.” Uma desorientação que, acrescentou, se voltou a verificar com a criação da “geringonça” e, mais uma vez quando o partido votou contra o Orçamento de Estado para 2021.

“É sempre tudo uma surpresa”, lamentou. Uma ideia que, garantiu, o país não partilha quando os devedores do BES vão a uma comissão de inquérito e o BE coloca o dedo na ferida.

“O que é que o BE tem que baralha tanto os donos disto tudo?”, questionou.

Logo de seguida, virou-se para o Chega, sublinhando, contudo, que “o problema do país não é o deputado único”. Os problemas são mais do que isso, são “os governos que fazem menos do que podem para combater a desigualdade.” E directamente para António Costa: “Os limites do PS não são as impossibilidades do país. Engana-se quem sempre pensou que trocaríamos políticas por lugares no Governo.”

Mas acedeu: “Sim, há uma ligação entre desigualdade, privilégio e crescimento da extrema-direita”.

A terminar, a deputada Joana Mortágua voltou ao tema que deu mote à sua intervenção: o que é o Bloco hoje em dia? E deu a resposta: “O BE não é um pássaro, não é um avião, é um partido feito de pessoas que acreditam que o socialismo não é só um nome.”

Rosas: Renovação, precisa-se

Outro histórico do BE a discursar na convenção foi Fernando Rosas. Que deixou um alerta há direcção: “Minimizar o debate de ideias é correr o risco de insensivelmente nos transformarmos e só darmos por isso tarde demais.”

Para Fernando Rosas, a solução passa pela aposta na renovação dos quadros do partido. “É uma tarefa urgente”, disse.

$!Joana Mortágua na XII Convenção do Bloco de Esquerda, em Matosinhos
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