Catarina Martins acusa PS de atravessar “momento cavaquista”

A líder cessante do Bloco de Esquerda apontou baterias no ataque ao PS, responsabilizando-o pela “degradação” da vida política e acusou o PS de ser “o padrasto de todos os populismos”.

Catarina Martins acusou este sábado o Partido Socialista de ser o “padrasto de todos os populismos” e de ter assumido que, com a maioria absoluta, “chegar o seu momento cavaquista”.

No discurso de despedida da coordenação do Bloco de Esquerda, que terminou com uma ovação de cerca de cinco minutos, Catarina Martins atacou a maioria absoluta e acusou o PS de usar “o aparelho do Estado”, de se perder “em guerras internas” e em problemas “auto infligidos”, ao mesmo tempo que o país “assiste incrédulo a um Governo paralisado e enredado nos seus próprios erros”.

Para a ainda líder do Bloco, a forma como o PS absoluto tem governado, com sucessivas polémicas e sem resolver os problemas do país, levou a que, num ano e meio, os socialistas tenham desbaratado “boa parte da confiança” que os eleitores lhe deram.

“Todos estes problemas estruturais foram agravados porque o PS, com maioria absoluta, achou que chegara o seu momento cavaquista”, disse Catarina Martins, notando que não foi nem a covid-19 nem a guerra, nem nenhuma oposição, quem “criou qualquer dos problemas que os ministros inventam”.

“E assim se entretém uma degradação da vida pública em que o PS se tornou o padrasto de todo o populismo”, atirou.

No último discurso enquanto coordenadora do Bloco, Catarina Martins não deixou de fora a geringonça para afirmar que foi em “nome da coerência” que o partido exigiu um acordo escrito com o PS e não se submeteu a um mero “acordo de cavalheiros”. “Tem de haver honra e fidelidade”, disse, mas ao povo exige-se transparência.

Foi também em nome da “coerência” que o Bloco de Esquerda votou contra o Orçamento de Estado de 2021 que conduziu o país a eleições antecipadas e a uma maioria absoluta com a qual o PS não sabe agora “o que fazer”.

“Não nos arrependemos da coerência, voltaríamos a fazer o mesmo enfrentamento”, porque “temos um compromisso com o povo”. Depois do desaire das últimos eleições, que levou o partido a perder 14 deputados, o Bloco está agora a “recuperar força”, e isso é já visível tanto na rua como nas sondagens. “Estamos a recuperar força por levar o país a sério. Não cedemos à chantagem. Aqui está gente que não verga nem quebra”, garantiu.

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