Candidato do CDS sobre cartaz de Alexandre Poço: “Fez-me rir mas é uma campanha pueril e disparatada”

“Aquilo faz-nos rir. Tem imensa piada. É impossível ficar indiferente àquilo, mas não no bom sentido quando se fala de política”. É assim que Nuno Gusmão vê o controverso cartaz em que o candidato do PSD à Câmara de Oeiras surge deitado, de perna cruzada, a “dar tudo por Oeiras”.

Até há uma semana, o nome de Alexandre Poço talvez não fosse conhecido da maioria dos eleitores do concelho, mas afixado o cartaz – que apresenta um candidato “de carne e osso”, nas palavras do próprio – o assunto passou a ser dos mais comentados nos meandros das redes sociais.

Nuno Gusmão, que concorre com Poço nas próximas eleições autárquicas, pelo CDS, não foi excepção, e fez questão de escrever um post duramente crítico no Facebook, onde começa por dizer que “A Ação política é um assunto sério”.

Ao NOVO, o democrata-cristão admitiu que há alguma frustração na forma como vê crescer este tipo de estratégia comunicacional que considera que, de alguma forma, vem tornar mais difícil contrariar a ideia de que os políticos são pouco sérios: “Será que vale a pena fazer tantos sacrifícios? É isso que me irrita nesta campanha.”

“Acho que a maioria dos eleitores não faz menor ideia do que é o negócio eleitoral, de que os partidos recebem uma subvenção de acordo com os resultados que têm. E isso faz com que os partidos se permitam estes desvarios”, diz ainda o centrista.

Para Gusmão, “a política não tem que ver com os candidatos, tem que ver com as propostas. E aquilo é uma campanha sobre o candidato e não sobre Oeiras”. Já no texto que publicou no Sábado, o candidato a autarca tinha apontado o dedo às campanhas que entende serem desenhadas em torno “dos egos dos candidatos”.

“Como se de um concurso de criatividade se tratasse, como se o momento fosse propício à visibilidade a todo o custo, com memes à mistura, embrulhadas num conjunto de mensagens disparatadas onde não falta a ofensa às mulheres, numa campanha pueril e disparatada”.

O democrata-cristão vai mesmo mais longe, e afirma que a afixação do outdoor social-democrata faz de Oeiras “a capital do disparate onde o único objectivo é a criação de buzz e falatório para massajar os egos dos arrojados novos políticos”.

Apesar de tudo, Nuno Gusmão admite que achou piada ao cartaz e ao vídeo onde Alexandre Poço surge a saltar de um avião com um paraquedas: “Tem piada. Já me fartei de rir, mas transporta-nos para um nível que quem quer estar na política de forma séria acaba por olhar para aquilo com tristeza. Não é justo para quem quer estar na política de forma séria.”

“Uma coisa é achar piada e outra é achar que isto pode ter alguma eficácia em termos de campanha política”, acrescenta ainda.

Outra das razões apontadas pelo candidato da oposição para não ver com bons olhos a estratégia adoptada pelo PSD tem a ver com os gastos envolvidos neste tipo de acção política: “Quando tantas famílias e empresas do nosso concelho passam por tantas dificuldades, talvez nas campanhas políticas fosse adequado algum recato e respeito para com estes. Não se gastando verbas pornográficas em campanhas eleitorais, como parece ser o caso do nosso oponente”.

Não será só aos eleitores que os montantes gastos com a campanha eleitoral dos sociais-democratas podem chocar. Em declarações ao NOVO, Nuno Gusmão reconhece que mesmo para uma campanha “séria” o financiamento é insuficiente, e aproveita para deixar um recado à direcção do partido: “Fazer campanha com 4 mil euros é difícil. É isso que a secretaria-geral do CDS nos dá. Neste momento nem sequer sei como é que vou conseguir colocar mais do que um outdoor.”

Com maior ou menor financiamento, mais ou menos dificuldade, Nuno Gusmão adianta ao semanário NOVO que pretende, em breve, divulgar um vídeo em resposta a Alexandre Poço. A estratégia será mostrar as diferenças entre o que é propor políticos e propor ideias para o concelho.

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