Antiga chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos diz que mais pessoas tinham documentos da TAP

Maria Antónia Araújo revelou estar tarde que o plano de reestruturação não podia circular, mas estava na posse de outras pessoas, nomeadamente das Finanças.

A ex-chefe de gabinete do antigo ministro das Infra-Estruturas reconheceu, na comissão de inquérito, que o plano de reestruturação da TAP não estava classificado, nem arquivado, porque não podia circular, mas revelou que três pessoas tinham acesso ao mesmo. Pedro Nuno Santos, Fernando Medina e Frederico Pinheiro eram essas três pessoas. Mas o documento também circulava por um grupo de trabalho criado para debater a reestruturação, no qual a TAP não participava.

Maria António Araújo disse que não podia garantir se Pedro Nuno Santos tinha o documento no seu computador, mas sublinhou que “tinha acesso” sempre que quisesse. E deu uma resposta que surpreendeu o deputado do Bloco, Pedro Filipe Soares: “Podia pedir às Finanças”. O deputado do Bloco quis saber se a tutela não era do Ministério das Infra-Estruturas e a ex-chefe de gabinete respondeu que a “tutela era conjunta”, porque eram as Finanças que conversavam sobre o assunto com Bruxelas, através do secretário de Estado do Tesouro.

Sobre a indemnização decidida para Alexandra Reis, a ex-chefe de gabinete explicou que não foi a tutela que decidiu, antes a ex-CEO, Christine Ourmières-Widener, que pediu “um conforto” na tomada de decisão, isto é, opinião, da tutela sectorial.

“A ex-CEO da TAP pedia muito conforto à tutela, que outras tuteladas não pedem”, revelou.

Apesar de o documento não estar arquivado no arquivo geral, como tinha dito a chefe de gabinete de João Galamba, a ex-chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos disse que estava noutro arquivo e só não estava no geral porque “não podia circular”, dada a matéria sensível.

Maria Antónia Araújo disse ter uma opinião “muito positiva” de Frederico Pinheiro e esclareceu que nunca teve conhecimento de qualquer conflito com o agora ex-adjunto de Galamba. “Nunca se negou a nenhuma tarefa e era muito tempestivo em responder dentro do prazo”, clarificou.

A agora chefe de gabinete do secretário de Estado das Infra-Estruturas adiantou ainda que os chefes de gabinetes recebem briefings sobre confidencialidade e cibersegurança, mas esclareceu que “pode ter de haver intermediação” da Presidência do Conselho de Ministros no caso de extravio de documentos classificados ou sensíveis.

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