Opinião

Ver para crer... a 18 de Março

Nilza Rodrigues


Como diz São Tomé, e nós também, é ver para crer. A 18 de Março será conhecido o parecer do Ministério Público sobre o caso que envolve a tortura e morte de quatro cidadãos santomenses acusados de estarem relacionados com uma tentativa de golpe que ocorreu no passado dia 25 de Novembro. Entretanto, o MP já divulgou o despacho de encerramento da instrução preparatória do caso em que nove militares e um civil foram acusados de crime de alteração violenta do Estado de Direito em São Tomé e Príncipe, aguardando-se agora novos desenvolvimentos e investigações. O mesmo comunicado indica que não há indícios que ligam Delfim Neves, o ex-presidente da Assembleia da República, à alegada tentativa de assalto ao quartel, apesar de assim ter sido amplamente divulgado.

O tema tem vindo a aquecer em São Tomé e Príncipe. Delfim Neves aponta o dedo e lamenta a atitude dos responsáveis “do Estado que precipitadamente fizeram declarações fúteis e de muita irresponsabilidade, e antes mesmo da conclusão falaram de golpe de Estado, citaram nomes de pessoas envolvidas (...), e hoje fica provado que não é minimamente verdade aquilo que disseram”, recorda o político, acrescentando: “O Presidente da República e o primeiro-ministro não podem falar de forma irresponsável sobre um processo que ainda estava em curso. Vamos agora verificar se o primeiro-ministro tem a maturidade de pedir desculpas públicas da acusação que fez contra Delfim Neves”.

Jorge Bom Jesus, presidente do maior partido da oposição santomense, MLSTP/PSD, também se fez ouvir. “Estão a tentar distrair-nos. Estão a tentar atirar poeira para os olhos desse povo. Nem eu sou parvo, nem o povo de São Tomé e Príncipe é parvo. Em nenhum momento a Polícia Judiciária, durante as suas investigações, me chamou para depor, prestar declarações, clarificar algo. O mesmo se passa em relação à Procuradoria-Geral da República. Porque é que o meu nome consta nesses documentos? Não tive conhecimento de nenhuma preparação, nada na forja que indiciasse golpe de Estado. Desafio a quem quer que seja para me demonstrar o contrário”, explicou Bom Jesus, que vai apresentar uma queixa- crime contra Patrice Trovoada e o Estado santomense por danos morais e de integridade.

As vozes não se calam. A oposição está a tomar posição. E quando o Presidente da República, Carlos Vila Nova, diz “o que é da justiça é da justiça, e o que é da política é da política”, não pode demitir-se de garantir o bom-nome e a paz no seu país, porque sem isso São Tomé e Príncipe vai continuar a discutir um “pseudo” golpe de Estado orgulhosamente só.