Opinião

Uma noite forjada a Esperança

Ana Pedrosa-Augusto


Foi uma noite eleitoral animada. Não havia há bastante tempo e acho que todos tínhamos saudades disso. Ainda por cima, as eleições deste domingo trouxeram até desfechos menos evidentes (para não dizer inesperados).

Contados os votos, pululam agora as opiniões, os “prognósticos” de pós-acontecimento, os “diz que disse”, os “bem tinha dito”, os “sempre acreditei”, os “grande erro”. Menos de quem fez, esteve ou arriscou, mas felizmente há espaço para todos.

Haverá muito para analisar destes resultados: desde a aparentemente eterna abstenção e suas várias causas, à contagem específica dos votos em A ou B neste ou naquele local.

Independentemente desta leitura, eu retiro destas eleições algo que alimenta a minha permanente esperança e o meu constante otimismo. É que, ao contrário do que tantas vezes se pensa, do que repetidamente escrevemos, não estamos mesmo todos conformados.

Se estivéssemos tão resignados como críamos, então não teria havido os resultados que houve. Lisboa não teria passado a Novos Tempos. Coimbra não teria dado uma volta. A Figueira da Foz não teria abraçado o seu novo (antigo) Presidente. Loures não teria deixado a foice.

É bom ver que há esperança. E que ela ganhou forças neste dia 26.

É animador constatar que não basta anunciar bazucas, atirar dinheiro, garantir obras impossíveis, prometer acessos, pintar umas linhas no chão e chamar-lhe ciclovias, anunciar casas gratuitas ou inaugurar o que está inacabado. As pessoas não vão – e não foram – nisso. As pessoas são inteligentes e sabem distinguir a realidade de uma qualquer ilusão fabricada à sua medida.

Sem os medos que tanto se anteciparam, os eleitores escolheram em quem acreditar, optaram por premiar ou, finalmente, reprovar autarcas. Livremente, decidiram dar oportunidade a outros.

Agora, há que permitir o trabalho aos eleitos. Aos demais, cabe o essencial papel fiscalizador.

De todos permanece o fundamental exercício da cidadania, a imperiosa sede de informação e a construção do futuro.

Foi mesmo uma noite forjada a Esperança.