Opinião

Saladinha de frutas podres

Aline Hall de Beuvink

Esta semana não se fala noutra coisa: Tutti Frutti. Apesar de a história ser conhecida há uns anos, de repente voltou à tona. Isto suscita muitas questões. Por que razão levam tanto tempo estas investigações? Desde 2016 que isto corre, sem arguidos, só suspeitos. Houve eleições autárquicas em 2017 e 2021, legislativas em 2019 e 2022, e alguns suspeitos constaram nas listas electivas. Mesmo com lugares de destaque. Em posições de comando político e, evidentemente, de influência na vida dos eleitores como, numa primeira linha, nas juntas de freguesia, e até na versão macro, na vida da República. Questões éticas misturadas com questões políticas e judiciais, tudo fica num limbo: olha-se com desconfiança para os mencionados nas notícias, sendo culpados ou não. Não se percebe como estes partidos não param - não estou a falar em suspender a democracia, Deus me livre! - por um momento e não tentam despoluir a situação. Até para preservar os nomes destas pessoas, para que os limpem, e não manter no ar sobre os seus próprios partidos esta suspeição de podridão. É também uma saladinha de frutas à portuguesa: é tudo à volta do que parece, das trocas de galhardetes nas escutas que suscitam nojo imenso, do palavreado à suposta sensação de impunidade - e fica tudo numa indefinição que só prejudica a justiça. Como tem acontecido com os casos mais mediáticos, a opinião pública faz o seu próprio juízo. A fruta já está azeda. Sabemos o que acontece com fruta azeda junto de boa: torna tudo podre. Quem beneficia? Adivinhem lá qual o partido...