Recentemente, Nuno Melo, do CDS, veio a terreiro protestar contra uma proposta da Comissão Europeia (CE) que pretende implementar “um guia sobre linguagem neutra LGBTQ”. O eurodeputado considerou que é absurdo e disparatado que se pretenda, ao abrigo desse guia, substituir expressões como “época natalícia” por “época festiva” e “Natal” por “férias”. E tem toda a razão.
Já se percebeu que está em curso uma estratégia ideológica na Europa para tentar destruir os valores cristãos. Alguns pretendem formatar-nos o disco (que contém os nossos valores) para preenchê-lo com as suas próprias crenças. Este guia é somente mais um passo dessa estratégia obscura. Como seria de esperar, há quem bata o pé.
Imediatamente nos surgem na memória os tristes episódios do duelo entre Von der Leyen (presidente da CE) e Viktor Orbán (primeiro-ministro da Hungria). Mas, ao invés de entrar em choque com a soberania dos Estados-membros colocando em causa a coesão da própria União Europeia (enquanto outras potências vão aumentando a sua esfera de influência no mundo), não deveria a Comissão Europeia proteger a nossa memória colectiva e salvaguardar a identidade europeia? Aliás, nos tempos que correm, não deveria a presidente da Comissão Europeia andar ocupada com os gravíssimos problemas económicos e sociais que têm vindo a agravar-se nos últimos tempos?
A propósito, foi noticiado que a Hungria aprovou a realização de um referendo com as seguintes questões: 1) “Apoia que nos estabelecimentos de educação pública decorram intervenções sobre orientações sexuais sem o consentimento dos pais?”; 2) “Apoia a promoção de terapias de mudança de sexo em menores de idade?” Isto é, no país que alguns consideram como sendo uma perigosa ditadura, as famílias vão poder escolher se querem, ou não, abrir a porta do seu país à designada ideologia de género. É verdade que se pode (e deve) criticar a Hungria em muitas outras matérias mas, neste caso, a decisão de auscultar o seu povo foi, sem dúvida, a mais acertada. E por cá? Por cá, a mencionada ideologia já nos entrou pela porta das traseiras e nem nos pediram licença. O problema é que, agora, quem ousa pensar diferente é enxovalhado em plena praça pública.
Para que não haja qualquer dúvida nem se gere confusão acerca do que pretendo transmitir ou sobre o que penso, considero que cada um tem o dever de ser feliz e o direito a ter as suas crenças e opções respeitadas. Vivemos, felizmente, num país livre e democrático. Contudo, ninguém deve arrogar-se o direito de impor códigos de linguagem, alterações radicais de pensamento e tentar fazer um reset à memória dos povos.
Não conseguirão destruir a família e os valores cristãos na Europa pois, como refere Manuel Alegre na “Trova do Vento que Passa”, “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”.