Ventura mistura Sócrates com ilegalização do Chega: “Se Ivo Rosa quiser, pode processar-me”
Cartaz oficial do protesto contra ilegalização do Chega tem a cara de José Sócrates. Em declarações ao NOVO, deputado e líder do Chega justifica-se: “é a mesma justiça que pode estar condicionada.”
Centenas de pessoas encheram este domingo um terço da praça do Rossio em protesto por… muita coisa. Começou por ser uma manifestação contra a ilegalização do partido Chega, que está em apreciação no Tribunal Constitucional após pedido interposto pela antiga eurodeputada e candidata presidencial, Ana Gomes. Com a decisão instrutória de Ivo Rosa no processo Operação Marquês, onde o José Sócrates foi ilibado de 25 crimes (sendo pronunciado por seis), André Ventura e o partido Chega decidiram cavalgar a onda de revolta e colocaram a cara do antigo primeiro-ministro num dos cartazes oficiais.
Em declarações exclusivas ao NOVO, o deputado único do Chega acusou a justiça de estar “condicionada” ao tentar justificar por que motivo misturou neste protesto o caso da ilegalização do Chega com o mundo da Operação Marques. “Na minha perspetiva, e o juiz Ivo Rosa e o Tribunal de Instrução Criminal terão possibilidade de agir legalmente contra mim se quiserem, mostra como a justiça pode estar condicionada. É a mesma justiça que pode estar condicionada, de forma tão evidente e ostensiva, passar um pano branco numa decisão, é a mesma que com facilidade persegue um opositor político, destrói um partido, persegue o seu líder e os seus dirigentes.”
Veja o cartaz oficial com a cara de José Sócrates:
Encabeçada por André Ventura, que chegou pelas 16h15 ao Príncipe Real, o local do início do protesto, na primeira tarja do protesto lia-se “Chega ou morte. Nunca desistiremos”. Os manifestantes percorreram a rua do Século, deixando cordas com nós de forca à porta do Palácio Ratton, sede do Tribunal Constitucional.
As farpas a Ana Gomes
Com um forte dispositivo policial, com várias carrinhas robustas da Unidade Especial de Polícia e carros da PSP e do INEM espalhados pela Baixa de Lisboa, a manifestação terminou no Rossio, com um discurso do líder partidário. “Vamos dizer que, a nós, nenhuma autoridade que não seja o povo português nos pode ilegalizar”, afirmou, uma ideia repetida nas palavras de ordem dos seus apoiantes, que também cantaram o hino nacional.
Em declarações à rádio Renascença e ao jornal Público, Ana Gomes. frisou que a ilegalidade do Chega “está a ser levada a sério”. “Sei que está a ser levado a sério, quer na Procuradoria-Geral da República, quer no Tribunal Constitucional. É o que lhe posso dizer.”
Ao NOVO, Ventura levanta suspeitas contra a socialista. “Como é que a dr. Ana Gomes tem essa informação? Como é que alguém na Procuradoria-Geral da República ou no Ministério Público ou no Tribunal Constitucional lhe deu essa informação? Além disso, essa entrevista reforça os sinais preocupantes que nos levaram a fazer esta manifestação. Se de facto estão a levar a sério esta ilegalização, nós também estamos a levar a sério a resistência que faremos.”