Unidades de saúde em “dificuldade crónica” para pagar bombeiros

Presidente da Liga dos Bombeiros aponta que problema, “mais do que de tesouraria, é organizativo”, revelando que conferência dos documentos por pessoal administrativo se arrasta até um ano.

A Liga dos Bombeiros Portugueses alertou hoje para “a dificuldade crónica” dos hospitais e Administrações Regionais de Saúde (ARS) em pagar dívidas às corporações que, por consequência, encontram-se em “situação muito aflitiva”.

Actualmente, a dívida das várias entidades da tutela da Saúde aos bombeiros “varia entre os 20 e os 30 milhões de euros”.

“Há momentos em que a dívida chega aos 30 milhões, depois há um esforço e partes substantivas da dívida são liquidadas, baixa para 20 ou 25 milhões e depois volta a subir”, revelou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, em declarações à agência Lusa.

Apesar dos esforços de “alguns hospitais” e a participação em reuniões do secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, o presidente da Liga aponta que persiste um problema que é “crónico” e “mais do que de tesouraria, é organizativo”.

“O problema das associações humanitárias não é tanto a questão da dívida, mas sim a irregularidade com que esta é paga. Não nos permite fazer uma gestão de tesouraria. Muitas vezes, as unidades de saúde ao não terem pessoal administrativo para conferir os documentos de despesa, não conseguem pagar aos bombeiros. Este problema é organizativo”, defendeu.

António Nunes revelou ainda ter conhecimento de que “a conferência dos documentos se arrasta, em alguns casos, mais de um ano”.

“Isto é insuportável, mas não é igual em todo o país. No Algarve normalmente não há problemas. No Alentejo há em Évora. Depois há no distrito de Vila Real, mas já não há no Grande Porto, mas há na região de Coimbra [hospitais e IPO]. E o pior deles todos é o hospital de Castelo Branco”, enumerou.

Para António Nunes, as dívidas que se atrasam para além de 12 ou 14 meses colocam os corpos de bombeiros envolvidos nessa despesa “em situação aflitiva”.

“O secretário da Saúde sabe disto e ele tem tentado desbloquear algumas decisões. Mas isto depende também de decisões da Assembleia da República. As nossas insistências e apelos resultam, mas não se transformam em rotina. Isto é um problema de organização. Não é um problema de tesouraria”, concluiu.