Somos um país com dez milhões de cidadãos residentes. Destes, temos cerca de cinco milhões confirmados como população activa. Metade, portanto. É este o universo que tem a missão de produzir, de criar valor. Não podemos pedir mais aos nossos jovens, muito menos aos menos jovens, que já fizeram o seu papel e merecem a sua reforma. Este é o contrato que temos enquanto sociedade. E está correcto.
Ora, numa população activa de cinco milhões, de que cerca de 700 mil são funcionários públicos, veio uma pandemia e colocou mais de um milhão de pessoas em layoff, ou seja, a dependerem directamente dos recursos do Orçamento do Estado para receber o seu salário ao fim do mês. A isso juntamos perto de 400 mil no desemprego. Como diria António Guterres, é fazer as contas. E as contas são claras: o país tem hoje uma cultura de dependência do Estado brutalmente enraizada, e não estou somente a falar de trabalhadores: há empresas que têm “modelos de negócio” alavancados pelo Estado. Uma cultura de dependência do Estado, directa ou indirecta, provoca estagnação económica e imobilismo social.
*Director-executivo
Leia o artigo na íntegra na edição impressa do NOVO, nas bancas a 30 de Abril de 2021.