Todas as decisões vão dar a Alvalade
Com quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto, tudo se encaminha para que o primeiro match-point encarnado seja no estádio do eterno rival. Mas para isso é preciso que este fim-de-semana decorra dentro… da normalidade.
Tudo se encaminha para que as grandes decisões do título nacional 2022/23 passem por Alvalade no dérbi do dia 21 (20h30), que vai opor o Sporting ao Benfica. Para que tal seja uma realidade é preciso que os encarnados cumpram a missão de vencer em Portimão este sábado (18h00) e o FC Porto consiga não perder na recepção ao Casa Pia neste domingo (20h30).
Depois, sim: se a normalidade imperar neste fim-de-semana, o Benfica dispõe no campo do eterno rival do seu primeiro match-point. Com quatro pontos à maior, neste momento, sobre os actuais campeões nacionais, o clube da Luz sabe que um triunfo em Alvalade, na penúltima jornada, assegura de imediato o título número 38 do seu palmarés.
Há muitos anos que o Benfica não festeja um campeonato no campo dos leões. Para sermos factuais, isso aconteceu apenas uma vez, na época 1974/75. A 4 de Maio de 1975, o Benfica, liderado por Milorad Pavic, deslocou-se ao antigo Estádio José Alvalade, empatou a um golo e selou o título número 21.
Dessa equipa faziam parte jogadores que marcaram uma era na Luz como Bento, Humberto Coelho, Eurico Gomes, Shéu, Toni, António Simões, Artur Jorge, Nené, Vítor Baptista, Rui Jordão e… Eusébio. Mas não foi nenhum destes jogadores a fazer o golo do título. Acabou por ser Diamantino Costa (não confundir com Diamantino Miranda), médio que se sagrou seis vezes campeão nacional pelos encarnados e terminou a carreira discretamente na União de Tomar. Com esse título terminou uma etapa que levou Humberto Coelho, Artur Jorge, Eusébio e António Simões – este duo tinha saído a meio da época do título para os Estados Unidos –, entre outros, a procurarem outros desafios.
Houve mais treinadores do Benfica que conseguiram sagrar-se campeões frente ao Sporting, casos de Lipo Hetzka, Sven-Goran Eriksson e Toni. Além do jugoslavo nascido na actual Sérvia que, curiosamente, quatro anos mais tarde, seria o eleito do Sporting para comandar a sua equipa principal – sem grande sucesso, refira-se.
Há uma coisa que o Benfica já sabe que não consegue: fazer a festa hoje em Portimão, como aconteceu há 40 anos sob o comando de Eriksson. Carlos Manuel detonou a festa quando, a cinco minutos do final, enviou um remate indefensável à baliza de Vítor Damas – esse mesmo, o mítico guarda-redes do Sporting. Como curiosidade, refira-se que esse Portimonense era treinado por Artur Jorge e 1982/83 foi a primeira temporada de Pinto da Costa como presidente do FC Porto.
Tudo em jogo para todos
Olhando para o presente, o Benfica sabe que não pode vacilar no Algarve pois, se tal acontecer, uma derrota em Alvalade pode virar o tabuleiro. E a verdade é que o Sporting ainda sonha matematicamente com o último lugar do pódio, que dá acesso à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Os jogadores de Rúben Amorim estão a quatro pontos do SC Braga, que recebe este domingo o aflito Santa Clara (18h00), que precisa muito de ganhar, mas, antes, não podem vacilar este sábado diante do Marítimo (20h30), adversário que na primeira volta derrotou o Sporting no Funchal, com alguma surpresa.
Está tudo em jogo para todas as equipas. O Benfica sabe que um empate em Portimão o deixa num trapézio sem rede em Alvalade. O Sporting, se a normalidade imperar, quererá sempre derrotar o eterno rival, quanto mais não seja pelo orgulho, pois, quando entrar em campo no dia 21, já saberá se ainda tem condições matemáticas de chegar ao terceiro lugar.
E do FC Porto, então, nem se fala. Parece estar a salvo de perder a vice-liderança, mas se quer chegar ao bicampeonato só há um caminho: derrotar o Casa Pia este domingo no Dragão e, depois, vencer em Famalicão antes do dérbi mais faiscante do futebol português. Contudo, é bom lembrar que o FC Porto, nos últimos oito encontros, venceu sete pela margem mínima. Sente-se muita ansiedade na Luz, no Dragão e em Braga, menos em Alvalade, pelo menos até se perceber que a Liga dos Campeões ainda pode ser uma meta atingível…
Atingirá os seus objectivos quem jogar melhor e souber lidar melhor com os nervos.