Inevitavelmente, quando falamos em saúde, estamos a falar do bem mais precioso para podermos percorrer o caminho desta vida com um mínimo de equilíbrio e de satisfação. Dizem as nomenclaturas portuguesas, que produzem números importantes, que a esperança de vida andará pelos 80 anos, o que significa ter mais tempo de vida. Mas tal pode não significar ter mais saúde.
Recorrendo a quem sabe, e produz diretivas claras e objetivas, retomamos o indiscutível “lema” da Organização Mundial de Saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e não apenas a ausência de doença”, ou seja, não chega viver até aos oitenta e alguns anos, mas é preciso ter bem-estar. Ora, recorrendo, mais uma vez, a “quem” sabe, desta vez o dicionário, podemos observar o horizonte do bem-estar:” situação agradável do corpo e do espírito ≠ sofrimento; tranquilidade; conforto; satisfação”.
E mais uma passagem pela literatura, de quem sabe, recolhemos da Organização Internacional do Trabalho mais uma referência de monta para a reflexão sobre a saúde: “o trabalho digno implica, acima de tudo, um trabalho seguro e saudável” e ainda “mesmo num mundo em mudança não toleraremos quaisquer concessões no direito a um trabalho seguro e saudável”, acrescentando, via Direção Geral de Saúde, e muito bem, que “não existe saúde sem saúde mental”.
Podemos, então, dizer que ter saúde não é só chegar apenas aos 80 anos mas chegar com o sentimento de bem-estar, segurança e estabilidade física e mental. Contudo, a realidade apresenta factos diferentes, que nos devem preocupar.
No ranking dos países onde as pessoas referem a sua felicidade, estamos muito longe da linha da frente. Quando abordamos o stress, “fugimos” da média europeia, para pior. A mortalidade e acidentes em trabalho não diminuíram, e o mesmo acontece com os diagnósticos publicados sobre burnout, ansiedade, outras doenças do foro psicológico, consumo de ansiolíticos e outros fármacos.
Será que podemos dizer então que ter saúde para chegar aos 80 anos com saúde é uma realidade utópica? Provavelmente sim. Contudo, segundo Edouard Herriot, “uma utopia é uma realidade em potência”. E eu subscrevo este lema pela hipótese que oferece de alternativa à adversidade.
E, assim, importa falar de qualidade de vida, uma vez que “qualidade de vida” e “saúde” são dois temas indissociáveis, apesar de a saúde não ser o único aspeto que influencia a qualidade de vida dos cidadãos.
Não é novidade que vivemos num país envelhecido, com uma população que tem cada vez mais problemas de saúde, devido ao aumento de várias doenças, e com um Sistema Nacional de Saúde com bastantes problemas. Todas estas questões resultam na sobre condições de vida nos municípios portugueses desenvolvido pelo INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental, no âmbito da iniciativa “Melhores Municípios para Viver”, existência de uma baixa qualidade de vida da população.
O mais recente estudo sobre condições de vida nos municípios portugueses desenvolvido pelo INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental, no âmbito da iniciativa “Melhores Municípios para Viver”, confirma isto mesmo ao referir que “a proximidade de hospitais e centros de saúde, ou o tempo de espera para marcação de consultas, determina o nosso bem-estar”, sendo esta é uma das principais razões para se viver com qualidade.
Relativamente a dados mais quantitativos, ao nível da saúde, os resultados não são os piores, observando-se uma baixa taxa de mortalidade do aparelho circulatório e numa baixa de mortalidade infantil. Além disso, o estudo demonstrou ainda que o número de enfermeiros de médicos, por 1000 habitantes, aumentou significativamente, entre 2019 e 2021.
Posto isto, apesar de nem tudo ser tão negativo quanto parece, é importante continuar a conjugar esforços para melhorar a saúde e o acesso à mesma e, consequentemente, a qualidade de vida da população. No entanto, há uma coisa importante a reter: envelhecer com saúde não parte apenas dos Órgãos de Soberania, nem dos profissionais de saúde, parte também de cada um de nós. Por esse motivo, é fundamental que, desde cedo, as pessoas comecem a investir na sua saúde física e mental, apostando num estilo de vida mais saudável. Só assim conseguiremos melhorar a qualidade de vida e envelhecer com saúde.
José Magalhães, Professor Universitário e Presidente do Conselho Fiscal do INTEC