É cada vez mais notório as trapalhadas da tutela política da gestão da companhia aérea que contou com 3,2 mil milhões de euros de fundos públicos. As revelações que têm sido feitas dão conta de jogadas de bastidores com email imaturos e reuniões secretas que denunciam promiscuidades, traições com direito a despedimentos em direto e disputas de poder em que pontuam mentiras e irresponsabilidades de um Estado acionista numa empresa resgatada pelos contribuintes, que mereciam mais respeito por cada cêntimo que lá colocaram.

As audições da comissão parlamentar de inquérito à TAP revelaram a lei do vale-tudo, com o ex-ministro Pedro Nuno Santos e o CFO da empresa que não sabiam de nada e, veio-se agora a saber, afinal sabiam de tudo numa gestão informal de uma empresa pública em que as decisões são tomadas via WhatsApp. E colocaram a nu a irresponsabilidade e imaturidade de outros governantes como o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, que quis mudar um voo para agradar ao chefe de Estado.

Sabe-se agora que a ex-administradora, Alexandra Reis, ainda não recebeu qualquer indicação sobre o valor da indemnização que tem de devolver à TAP, apesar de já ter insistido “pelo menos três vezes” para saber o montante a ressarcir.

Já a reunião secreta entre o PS e a CEO da TAP para preparar uma audição parlamentar coloca na corda bamba outros membros do Governo, como João Galamba. Algo que já levou o Presidente da República a comparar a “um professor fazer uma preparação um exame com os alunos que vai examinar” e ao Presidente da Assembleia da República a condenar com um puxão de orelhas ao PS, pedindo que se evite “nível de informalidade” comprometedor.

Se João Galamba é exemplo de promiscuidade, porque terá promovido a reunião secreta, Hugo Mendes é dado como exemplo de estupidez a propósito do email para mudar o voo de Marcelo, aí designado como principal aliado do Governo. O próprio presidente do PS criticou a “conduta perniciosa e estúpida” do antigo governante que também esteve na mira de Marcelo Rebelo de Sousa ao considerar que “só um político muito estúpido ia sacrificar 200 pessoas por causa de partir um dia mais cedo ou um dia mais tarde”. Também António Costa rompeu o silêncio para sacrificar alguém que já estava demitido ao afirmar que se tivesse conhecido esse email,” teria obrigado o ministro [Pedro Nuno Santos] a demiti-lo [o então secretário de Estado], na hora”.

Com todos estes episódios à volta da TAP, alimenta-se um sentimento de injustiça e descrença dos portugueses que precisam de confiar nas suas instituições e nas empresas públicas para onde são canalizados os seus impostos como é o caso da TAP que está há um mês sem orientações do Governo depois da CEO ter sido exonerada e ainda sem novo presidente. Aqui chegados, emerge a questão: O que dizer desta balbúrdia política e de uma companhia capturada por interesses partidários, mas não uma gestão pública competente? São as TAPalhadas, estúpido!