Rússia acusa NATO e EUA de transformarem Ucrânia num “barril de pólvora”
Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Riabkov, garante que governo de Moscovo está pronto para intervir em defesa dos seus cidadãos naquele país.
A Rússia considerou, esta terça-feira, que a NATO e os Estados Unidos estão a transformar a Ucrânia num “barril de pólvora” ao apoiar este país em conflito com separatistas pró-russos e garantiu que defenderá os seus cidadãos.
“O volume da ajuda (militar) está a aumentar. Os Estados Unidos e outros países da NATO estão conscientemente a transformar a Ucrânia num barril de pólvora”, acusou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Riabkov, citado pelas agências de notícias russas.
O responsável adiantou ainda que a Rússia está pronta para intervir em defesa dos seus cidadãos naquele país.
Moscovo tem reforçado a sua presença na fronteira da Ucrânia e distribuído milhares de passaportes russos no leste da Ucrânia, mas continua a negar qualquer apoio político e militar aos separatistas.
“Faremos tudo para garantir a nossa segurança e a segurança dos nossos cidadãos, onde quer que estejam. Mas a responsabilidade pelo potencial agravamento da situação é de Kiev e dos seus parceiros ocidentais”, acrescentou Sergei Riabkov.
Estas declarações foram feitas ao mesmo tempo em que o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kouleba, se prepara para participar numa reunião, a realizar esta terça-feira na sede da NATO em Bruxelas, com o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, e o chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken.
Na segunda-feira, Kouleba disse à televisão ucraniana que a reunião visa falar sobre “o apoio prático que a Ucrânia pode obter no caso de uma escalada armada” do conflito.
A Ucrânia, que teme que o Kremlin esteja à procura de um pretexto para atacar o país, acusou a Rússia de reunir mais de 80 mil soldados na sua fronteira oriental e na Crimeia, anexada por Moscovo em 2014 após a chegada de pró-ocidentais ao poder em Kiev.
Os combates na fronteira, que estavam quase paralisados desde o Verão de 2020, recomeçaram com intensidade nas últimas semanas, tendo o exército ucraniano anunciado esta terça-feira morte de um dos seus soldados durante um ataque realizado com drones, a cerca de 30 quilómetros a norte de Donetsk, que também fez dois feridos.
Desde o início do ano, 29 soldados ucranianos foram mortos, um número que indica um aumento das vítimas, já que em todo o ano 2020, o país perdeu 50 soldados. Os separatistas também relataram cerca de 20 mortos.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 e o ministro homólogo da UE pediram na segunda-feira à Rússia para acabar com as “provocações” e concentrar-se em diminuir a escalada da situação.
No domingo, Blinken alertou Moscovo sobre “as consequências” de “uma agressão” russa à Ucrânia.
O Kremlin não negou os movimentos de militares, mas garantiu que não está a ameaçar ninguém, acusando, em contrapartida, Kiev de “realizar provocações” destinadas a “agravar a situação na fronteira”.
Na semana passada, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à NATO que acelere a adesão do seu país à aliança para enviar um “sinal real” à Rússia.
O conflito entre os dois países provocou, desde 2014, mais de 13.000 mortos e quase 1,5 milhão de refugiados, sendo que Moscovo é frequentemente considerado como o instigador desta guerra, apesar de o rejeitar.