PSD diz que relatório da TAP foi “feito à medida do PS”

Deputado Paulo Moniz arrasou o relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP e anunciou que vai votar contra.

O PSD considerou esta quarta-feira que o relatório preliminar sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Tutela Política da Gestão Pública da TAP foi “feito à medida do PS” e do Governo.

Reagindo no Parlamento ao relatório preliminar elaborado pela deputada socialista Ana Bernardo, que iliba o Governo no caso Alexandra Reis e deixa de fora o caso “Galambagate”, o deputado Paulo Moniz disse que o PS “demonstrou não resistir à tentação”, acusando os socialistas de terem produzido um documento de modo que não existam consequências políticas a retirar, conforme o primeiro-ministro dissera que faria.

“É um relatório parcial, leve, que não tem em atenção as vastas audições” daquela que “foi, talvez, a comissão de inquérito seguida pelos portugueses”, criticou o deputado do PSD, contrariando a tese defendida pelo PS de que não houve ingerência política na companhia aérea. “A ingerência foi patente até à exaustão no decurso das audições (…) E isso está claramente branqueado no relatório”, apontou, referindo-se a todo o processo de demissão de Alexandra Reis e à atribuição da indemnização de 500 mil euros, mas também à questão da frota automóvel e ao episódio relacionado com o pedido de alteração de uma viagem do Presidente da República, entre outros casos.

“Branquear estes factos é novamente uma ligeireza a roçar uma leviandade na apreciação que é feita, com o objectivo de o primeiro-ministro dizer que não tem necessidade de tirar consequências políticas”, reforçou Paulo Moniz.

Quanto aos incidentes da noite de 26 de Abril no Ministério das Infra-Estruturas, o deputado social-democrata lamentou que o PS tenha optado por não incluir no relatório o “infeliz episódio” em que “um Governo, em plena democracia, indicou ao serviços de segurança a recolha de um computador perto da residência de um cidadão, à noite”.

O coordenador do PSD na CPI à TAP considera esse facto de uma “gravidade muito grande” e não compreende por que razão ele é “pura e simplesmente apagado” das conclusões: “Como se pode enviar um relatório ao Ministério Público omitindo um facto que é de extrema gravidade e que nunca devia ter acontecido?”

O PSD entende ter “razões bastas” para votar contra o relatório, por não se rever “nesta tentativa de salvar o que já não tem salvação no governo de Costa”, e permitir que o primeiro-ministro tenha “uma saída airosa, escudando-se num relatório feito à medida do PS”.