PS/Coimbra estima que câmara vai gastar um milhão de euros com os concertos dos Coldplay
Vereadora socialista critica “dados ocultos” no contrato assinado entre a autarquia e a promotora dos concertos. Oposição questiona subsídios pagos à Everything is New.
Os vereadores do PS estimaram, esta terça-feira, que o custo total para a Câmara de Coimbra dos concertos dos Coldplay a 17, 18, 20 e 21 de Maio será de um milhão de euros.
“Pelas nossas contas, o apoio global directo e indirecto aos concertos dos Coldplay vai rondar um milhão de euros”, afirmou a vereadora do PS Carina Gomes., em reunião do executivo sobre o acordo entre a Câmara de Coimbra, a promotora Everything is New e a Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) para os concertos da banda inglesa liderada por Chris Martin.
Já o presidente da câmara, José Manuel Silva diz ser “o melhor negócio de sempre”. Em resposta ao PS, o autarca realçou que o acordo feito com a Everything is New é “exactamente semelhante” ao protocolo feito pelo anterior executivo socialista para o concerto de Andrea Bocelli, em 2021, com excepção do pagamento directo à promotora.
“Os que criticaram a não realização da superespecial [do rali] são os mesmos que agora criticam a realização dos concertos dos Coldplay. Em vez de trazermos 20 mil, trazemos mais de 200 mil pessoas a Coimbra. O retorno financeiro é incomparavelmente superior”, argumentou.
De acordo com a CNN Portugal, além de estabelecer um apoio de 440 mil euros à Everything is New, o acordo obriga a autarquia a substituir o relvado do estádio após os concertos e a assegurar a limpeza do estádio antes, durante e após os espectáculos, e isenta a promotora de qualquer taxa, tendo esta direito a utilizar o estádio entre 1 e 25 de Maio, com a excepção do último jogo da Académica em casa, marcado para 6 de Maio.
Para José Manuel Silva, estes concertos são “um dos melhores negócios de sempre nesta área para a cidade de Coimbra e para a sua região”.
Carina Gomes sublinhou que o PS não duvida de que os concertos “darão visibilidade a Coimbra”, mas criticou “dados ocultos” quanto ao negócio. A vereadora, que assumiu a pasta da Cultura no anterior mandato, vincou que o apoio dado à promotora não tem associados quaisquer critérios.
“Não faz sentido gastar 440 mil euros nestes concertos, tendo cancelado a superespecial do rali e o Prémio Estação Imagem, estando a diminuir o orçamento de eventos culturais consolidados na cidade e não tendo criado uma única medida de apoio social extraordinário às famílias neste período de graves carências financeiras”, protestou.
Por seu lado, o vereador da CDU, Francisco Queirós, considerou que trazer uma banda da dimensão dos Coldplay para Coimbra é “uma óptima ideia”, mas questionou as condições em que os concertos acontecem, questionando até a legalidade do acordo discutido terça-feira.
“A atribuição de 110 mil euros por espectáculo a uma empresa privada é um avultado subsídio directo da câmara a uma grande empresa privada de produção de eventos culturais”, atirou.
O acordo, segundo a CNN Portugal, foi esta terça-feira aprovado com os votos a favor da coligação Juntos Somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Aliança, RIR e Volt) e um contra do vereador da CDU, numa votação em que os quatro vereadores socialistas se recusaram a participar, considerando estar em causa “um simulacro de democracia” por o acordo ser debatido 19 dias antes de entrar em vigor.