Projecto Octopus leva actividades culturais e apoio clínico a crianças vulneráveis de Marvila

Objectivo é proporcionar à comunidade mais vulnerável de Marvila as mesmas oportunidades que têm outras crianças que estudam no ensino privado, através de actividades que estimulam áreas que o ensino escolar tradicional não atinge.

A Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas e Vulneráveis (APCDV) e a Junta de Freguesia de Marvila apresentam hoje o projecto Octopus, que pretende levar às crianças mais vulneráveis da freguesia actividades semanais ligadas à música, expressão dramática, moda, dança e artes visuais.

“Num país onde os jovens desesperam por mais e melhores oportunidades, onde a família se desestrutura pela pobreza e violência doméstica, onde a habitação passou a ser um luxo reservado a quem tem recursos muito mais vastos do que um comum cidadão português e onde a cultura e a criatividade deixaram de ser aquilo que representaram Amália, Eunice Muños, Paula Rego ou Sophia de Mello Breyner, o projecto Octopus é uma lufada de ar fresco na solidariedade social”, conta ao NOVO Patrícia Cipriano, presidente da direcção APCDV.

Para levar avante este projecto, a APCDV fez várias através de parcerias com artistas e profissionais nacionais, como o rapper Tekilla; o produtor Beatoven; a ex-Nonstop Liliana Almeida; a jornalista Rita Marrafa de Carvalho; o DJ e ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho; e as actrizes Olívia Ortiz, Rita Salema e Sara Norte.

“Artistas conhecidos juntaram-se à Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas e Vulneráveis e à Junta de freguesia de Marvila para darem aulas de dança, pintura, canto e representação às crianças e jovens mais vulneráveis da zona oriental de Lisboa”, acrescenta a presidente da APCDV.

Além destas actividades lúdicas, o projecto Octopus também vai disponibilizar consultas médicas e psicológicas semanais, “uma necessidade numa freguesia onde há 14 mil famílias sem médico de família”.

Este apoio psicológico e acompanhamento médico será proporcionado pela APCDV, para responder a uma necessidade que resulta do relatório da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa Oriental, fruto da grande incidência da violência doméstica, para além de enorme falta de médicos de família.

Numa freguesia caracterizada por problemas de pobreza, adicções e violência doméstica, torna-se fundamental este apoio psicológico e médico às crianças e famílias mais vulneráveis.

Uma das ambições dos promotores deste projecto é que venha a ter abrangência nacional, para apoiar mais crianças em situação vulnerável.

“O projecto ambiciona tornar-se nacional, o que só será possível com ajuda do Estado ou de mecenas que se aliem a este grupo de pessoas com espírito e criatividade para mudar um bocadinho o panorama da solidariedade social em Portugal”, explica Patrícia Cipriano. “A ideia é formar pessoas com iniciativa, com ideias e sem medo de querer mais do que julgavam poder ser”.

O projecto Octopus pretende proporcionar à comunidade mais vulnerável de Marvila as mesmas oportunidades que têm outras crianças que estudam no ensino privado. Serão desenvolvidas actividades que estimulam áreas que o ensino escolar tradicional não atinge, visando despertar nas crianças a criatividade e aumentando a possibilidade de superação do ciclo da pobreza através de um maior interesse pela educação e pelo seu futuro.