Prevista nova subida das taxas de juro na reunião desta quinta-feira
A Allianz Global Investors antecipa que o Banco Central Europeu (BCE) pode ter desligado o piloto automático, mas a inflação continua elevada. Resultado: é de esperar mais subidas nos juros. Reunião é esta quinta-feira.
Um novo aumento das taxas de juro na sua reunião de setembro, esta quinta-feira. É este o vaticínio de Franck Dixmier, diretor Global de Investimentos em Obrigações, da Allianz Global Investors (AllianzGI). “Não parece que os mercados estejam preparados – um aumento dos juros pode levar a novos aumentos nas yields das obrigações”, refere o analista: “Esperamos que o BCE aumente os juros em 25 pontos base na sua reunião desta quinta-feira, 14 de setembro.”
Isto apesar “do abrandamento na economia da Zona Euro”. É que “a inflação subjacente permanece demasiado elevada para justificar uma pausa”. “O Banco Central Europeu (BCE), tendo aumentado os juros num total de 425 pontos-base (pb) desde julho de 2022, já não está em piloto automático. Agora, tem duas opções: pausar ou continuar a limitar as condições monetárias”, refere ainda.
No passado, “os investidores podiam obter insights sobre a política monetária futura através da análise da orientação futura do banco. Mas as perspetivas incertas levaram o BCE a favorecer uma abordagem ‘reunião a reunião’. Por conseguinte, precisamos de olhar para os três principais parâmetros da função de reação do BCE”.
Para Franck Dixmier, o primeiro dos contextos é a inflação subjacente. “A inflação ainda é demasiado elevada, situando-se em agosto nos 5,3% em termos homólogos. Este nível é ainda mais preocupante dado que foi desencadeado um ciclo de preços-salários na zona euro, num contexto de ganhos de produtividade nulos ou negativos. Qualquer aumento nos salários reflete-se nos custos unitários do trabalho e é repercutido pelas empresas nos seus preços. Além disso, a tendência ascendente dos salários – os custos laborais aumentaram cerca de 5% em termos anuais no primeiro trimestre – deverá continuar em 2024”.
O segundo ponto tem a ver com as expetativas para a inflação a médio prazo. “As previsões de crescimento e inflação serão anunciadas na reunião de Setembro, mas esperamos uma revisão em alta das perspetivas de inflação, que deverá incorporar a recente subida nos preços do petróleo”.
Finalmente, há a questão da política monetária. “A política monetária está a funcionar e os dados de atividade publicados este verão confirmaram a tendência de abrandamento da economia da zona euro, com o PMI dos Serviços de agosto a situar-se em 47,9, juntando-se ao PMI da Indústria (43,5), que se contrai pela primeira vez em 2023 . O crédito é menos dinâmico, tanto para as famílias (+1,3% em julho a um ano, face aos +1,7% em junho) como para as empresas (+2,2% em julho, a um ano, face aos +3% em junho)”.
Contudo, acreditamos que esta desaceleração do crescimento na zona euro ainda não é suficientemente preocupante para justificar uma pausa, enquanto os níveis de inflação ainda estão longe da meta do BCE. Outro fator preocupante para o banco central é que a confiança do mercado na sua capacidade de atingir os seus objetivos está a diminuir gradualmente, com as expetativas para a inflação ligeiramente desviadas (o swap de inflação a 5-5 anos situa-se nos 2,60%)”.
Em conclusão, “é o momento certo para continuar a limitar as condições monetárias, e espera-se que a Presidente do BCE, Christine Lagarde, anuncie um aumento de 25 pb na reunião de setembro”.