O mercado de trabalho em Portugal é composto essencialmente por profissionais qualificados, cuja escolaridade predominante é o Ensino Básico, seguindo-se o Secundário. Relativamente aos profissionais altamente qualificados predomina o Ensino Secundário. Já os jovens até aos 35 anos (inclusive) também são maioritariamente trabalhadores qualificados e a escolaridade predominante é o Ensino Secundário, seguindo-se o Básico. Para os altamente qualificados, predomina o Ensino Secundário, seguindo-se a licenciatura.
Em 2021, o mercado de trabalho português era composto maioritariamente por profissionais qualificados (45,58%), seguindo-se os profissionais semi-qualificados (23,84%), cujo nível de escolaridade predominante, no caso dos primeiros, é o Ensino Básico (51,56%), seguindo-se o Ensino Secundário (35,42%) e, no caso dos segundos, é o Ensino Básico (59,14%), seguindo-se o Ensino Secundário (34,06%).
Portugal tem mais profissionais não qualificados (15,97%) do que profissionais altamente qualificados (11,28%). O nível de escolaridade predominante junto dos profissionais não qualificados é o Ensino Básico (66,59%), seguindo-se o Ensino Secundário (29,35%). Já o nível de escolaridade predominante junto dos profissionais altamente qualificados é o Ensino Secundário (38,65%), seguindo-se a licenciatura (27,89%).
Como é possível notar, o Ensino Básico é predominante junto dos profissionais qualificados e dos profissionais semi-qualificados e em maior percentagem junto dos profissionais não qualificados. O Ensino Secundário é predominante junto dos profissionais altamente qualificados portugueses.
Segundo o Regulamento de Condições Mínimas para os Trabalhadores Administrativos, são profissionais qualificados os assistentes administrativos, os assistentes de consultório, de caixa, controladores de informática e operadores de computadores. São profissionais semi-qualificados os chefes de trabalhadores auxiliares, os cobradores, os operadores de máquinas auxiliares, os operadores de tratamento de texto, rececionistas e telefonistas. São profissionais não qualificados os contínuos, a guarda, o porteiro, o trabalhador de limpeza, e profissionais altamente qualificados os analistas de funções, os correspondentes em línguas estrangeiras, os documentalistas, os planeadores de informática, os técnicos de secretariado, os técnicos administrativos e os tradutores.
Esta análise revela que os profissionais altamente qualificados em Portugal, que é o máximo a atingir nos níveis de qualificação do país, têm um nível de escolaridade predominante equivalente ao Ensino Secundário (38,65%).
Verifica-se, contudo, uma percentagem relevante (27,89%) destes trabalhadores com um nível de escolaridade equivalente à licenciatura, mas também se verifica uma percentagem significa destes trabalhadores com nível de escolaridade equivalente ao ensino básico (24,43%).
No entanto, o caso que poderá ser mais problemático são os profissionais qualificados, que são a maioria dos trabalhadores portugueses, cuja predominância do nível de escolaridade é o Ensino Básico (51,56%), o que nos leva a concluir que a maioria dos trabalhadores portugueses com Ensino Básico, em 2021, tem implicações nefastas para o país.
Barro and Lee (2010) referem que quanto maior o nível de escolaridade de um país maior o PIB per capita desse país e que países mais ricos têm maiores níveis de escolaridade, o que se associa à maior produtividade dos trabalhadores e à maior competitividade do país.
Os baixos níveis de escolaridade em Portugal são problemáticos, nomeadamente nas faixas etárias mais velhas, que deixaram de investir na educação.
Analisando as faixas etárias mais novas, os trabalhadores portugueses com menos de 35 anos (inclusive), verifica-se que a maioria são profissionais qualificados (40,47%), seguindo-se os profissionais semi-qualificados (24,46%), os profissionais não qualificados (18,14%) e os profissionais altamente qualificados (10.41%).
De acordo com esta análise, que inclui todos os trabalhadores desde que entram no mercado de trabalho até que saem (mediante o reporte salarial mensal), os mais jovens apresentam maiores níveis de qualificação. De entre os profissionais qualificados, a maioria dos trabalhadores tem uma escolaridade equivalente ao Ensino Secundário (48,39%), seguindo-se o Ensino Básico (30,39%). Já no caso dos profissionais altamente qualificados, a escolaridade dos jovens até aos 35 anos também é maior, mas a predominância ainda é o Ensino Secundário (37,42%), seguindo-se a licenciatura (36,41%).
Esta última análise revela um cenário mais animador, com níveis de maior escolaridade para os mais jovens, o que poderá vir a manifestar-se em efeitos positivos na economia portuguesa.
Contudo, a maioria dos trabalhadores jovens, que são a lufada de ar fresco do mercado de trabalho em Portugal, são profissionais qualificados, cuja escolaridade predominante é o Ensino Secundário, o que poderá contrariar o cenário mais animador, com maior peso, e quiçá trazer consequências negativas para a economia portuguesa nos próximos anos.
Fonte: Bases de dados nacionais dos Quadros de Pessoal
Regulamento de Condições Mínimas para os Trabalhadores Administrativos (revogado pela Portaria n.º 182/2018, de 22/06) – ANEXO III – Enquadramento das profissões em níveis de qualificação