Ordem dos Psicólogos Portugueses aponta desafios e riscos da Inteligência Artificial. Deixa recomendações para o futuro

A Ordem dos Psicólogos Portugueses divulgou um documento que alerta para as condicionantes e o impacto que os sistemas de Inteligência Artificial poderão ter em diversas áreas da sociedade e nas vidas das pessoas. A Ordem defende a importância da regulamentação da Inteligência Artificial, através de uma cooperação multidisciplinar e na qual deve ser tido em conta o olhar da Ciência Psicológica.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) avança com o seu contributo no cada vez mais pertinente debate em torno do desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial (IA). Nesse sentido, a Ordem divulgou um documento que alerta para os principais desafios, riscos e benefícios da Inteligência Artificial, deixando diversas recomendações estratégias para o futuro.

O documento intitulado “O fator humano na inteligência artificial: Recomendações estratégicas para a sustentabilidade” apresenta diversas respostas para várias das questões que se colocam atualmente em torno da Inteligência Artificial, cuja preponderância é crescente e será ainda mais nos próximos anos.

Num comunicado a que o NOVO teve acesso, a Ordem dos Psicólogos Portugueses ressalva desde logo a importância da regulamentação. “A Inteligência Arti­ficial tem um potencial transformador em todos os sectores da sociedade, mas é necessário que seja regulada para ultrapassar os seus desa­fios, alavancar as suas vantagens e mitigar os seus riscos”, frisa a OPP, acrescentando que essa regulamentação deve ser feita através de uma cooperação multidisciplinar, que deve integrar a Ciência Psicológica.

Um dos principais desafios da Inteligência Artificial que a OPP assinala são os enviesamentos. Os sistemas de IA recorrem a algoritmos construídos por humanos – que possuem valores, crenças e conhecimentos limitados. “Em qualquer momento do processo de desenvolvimento dos algoritmos, seja durante a recolha de dados ou design do próprio algoritmo, os humanos podem transmitir as suas preferências, preconceitos e vieses, resultando em sistemas de IA que perpetuam ou exacerbam as desigualdades existentes”, sublinha a Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Outro desafio relevante é a opacidade dos dados. A Ordem lembra que os modelos complexos de IA tomam decisões que não seguem as regras definidas pelos humanos, através de algoritmos, difíceis de decifrar, que podem condicionar a vida das pessoas e das comunidades.

Outro risco diz respeito ao impacto da IA no mercado de trabalho, uma vez que pode acarretar riscos para 30% dos postos de trabalho em Portugal e criar monopólios de informação.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses também realça os benefícios da Inteligência Artificial, entre os quais as vantagens no acesso dos cidadãos à saúde e à educação e o impacto positivo em 79% dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Este documento é lançado no Dia do Nacional do Psicólogo, que se assinala esta segunda-feira. Também hoje a Ordem dos Psicólogos Portugueses realiza uma conferência no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, subordinada ao tema “O Factor Humano na Transição Digital”. A conferência vai abordar a questão da Inteligência Artificial e a importância que a psicologia pode ter na sua regulamentação e implementação.