Operação Babel: atelier do arquitecto Souto de Moura foi alvo de buscas

Em causa, suspeitas de corrupção urbanística, nomeadamente, o projecto para construir a torre mais alta do país no futuro centro de congressos deste município, o Skyline.

Planeado para ser construído nas traseiras da Câmara de Gaia, o Skyline terá 28 andares e 100 metros de altura. Contará com 160 quartos de hotel e 111 apartamentos com serviço, um terraço, uma piscina infinita, um clube de bem-estar, bar, dois restaurantes e vista panorâmica.

Segundo o Ministério Público, Patrocínio Azevedo terá recebido mais de 120 mil euros de “luvas em dinheiro vivo” pagas por dois empresários da construção civil detidos ontem: o israelita Elad Dror, CEO do grupo Fortera, uma empresa com capitais israelitas responsável pela construção do Skyline, e Paulo Malafaia, parceiro de negócios.

Os investigadores dizem que “este pagamento serviu para pagar um aumento da área máxima de construção no projecto da torre da ordem dos 8.590 metros quadrados”.

Para o Ministério Público, terá sido o vice-presidente de Gaia a impor aos dois promotores imobiliários a contratação de Souto de Moura para a elaboração dos projectos de arquitectura do futuro centro de congressos. O motivo, ainda não se sabe, escreve o Público.

“A contratação de Souto de Moura imposta pela Câmara de Gaia ao grupo Fortera terá implicado um custo acrescido de aproximadamente 500 mil euros à entidade privada, por comparação dos honorários cobrados por este arquitecto e outros de arquitectos com prestígio no mercado”, pode ler-se no despacho de indiciação do Departamento de Investigação e Acção Penal Regional do Porto, a que o Público teve acesso.

Em conclusão, Patrocínio Azevedo favoreceu não só os interesses do grupo liderado por Elad Dror como também os do arquitecto Eduardo Souto Moura, que além de Siza Vieira, é o único português galardoado com o prémio máximo da arquitectura, o Pritzker.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, já esclareceu que foi constituído arguido num processo que investiga “questões de contratação pública e de pessoal”, e não no processo principal da Operação Babel, relacionado com alegada corrupção em projectos imobiliários.

Na “Operação Babel” foram, até agora, constituídos 12 arguidos e detidas sete pessoas, incluindo dois funcionários de serviços autárquicos, um funcionário de Direcção Regional de Cultura do Norte e os dois empresários da construção civil.