Na faixa etária dos 50 aos 55 anos, verifica-se que o salário real médio era mais alto em 2010 do que em 2021. Neste, o salário real médio dos indivíduos dos 50 aos 55 anos é, de aproximadamente, 1.185 euros. Por outro lado, o salário real médio dos jovens dos 25 aos 30 anos é o mais alto de sempre, desde 2010. Contudo, é miseravelmente baixo, 962 euros, sendo que, quando comparado com os restantes países da Europa, é dos mais baixos numa escala internacional.

No escritório, a divergência entre gerações
Se duas gerações se encontrarem à hora do almoço na copa do escritório, a Gen Z diria para todos olharem, porque “it´s time to BeReal”. Já os Millenials, no mesmo contexto, apenas tirariam uma fotografia, de preferência na horizontal, caso houvesse algo que suscitasse a necessidade. Alguém comentaria “és mesmo Gen Z” por tirarem fotografias a tudo e, no contexto de mercado de trabalho, enquanto mais novos, poderiam ripostar, mas tenderiam a aceitar o comentário.

Ao que a Gen Z não se sujeita
Além de se importarem com o salário que recebem, porque tomam consciência de que são qualificados para a profissão que desempenham, procuram o bem-estar no local onde trabalham. Vivem a cerca de 20 minutos de transportes do escritório. Preferem ir a pé para o trabalho, não terem que se preocupar em apanhar o autocarro ou onde parar o carro. Se apanhar o autocarro se mostrar prático, se apanhar boleia se mostrar a jeito, ou se puderem levar carro próprio, ficam igualmente satisfeitos. Não os ponham é a entrar antes das 9h00 ou 9h30. Se com as tarefas do dia conciliarem ouvir um álbum de que gostam, ficam contentes. Pausas em grupo a meio da manhã e meter algo à boca é um sim. Team marmita e um almoço a correr para o rápido é um hábito. Não os levem para sardinhadas de hora e meia – eu, por vezes, aceito ir –, há muito para fazer e quer-se, sempre que possível, tentar sair a horas. A meio da tarde há lugar a uma pausa rápida, “alguém quer que vá encher a garrafa de água?” e um dia ou outro a trabalhar até mais tarde é aceitável, mas que não vire rotina.

A Gen Z é composta pelos indivíduos nascidos entre 1996 e 2010. Antecede-lhes a geração dos Millenials, com os nascidos entre 1981 e 1996, e sucede-lhes a geração mais recente, Alpha, com os nascidos entre 2010 e 2024. A Gen Z entrou recentemente no mercado de trabalho, são os indivíduos com idades entre 13 e 27 e já lhe conferiu mudanças.

Os salários reais médios das gerações
Entende-se por salário real médio o salário médio que reflete o poder de compra de um indivíduo. Este salário é geralmente calculado em termos brutos mensais, ou seja, ainda sem impostos e contribuições para a segurança social.

Na faixa etária dos 50 aos 55 anos, verifica-se que o salário real médio era mais alto em 2010 do que em 2021. Isto significa que, em 2010, os indivíduos tinham maior poder de compra do que em 2021. O ano de 2010 foi, no período considerado, o ano em que o salário real médio foi mais alto para esta faixa etária. A partir daí desce progressivamente até 2015 e vai recuperando, a um ritmo lento, até 2021. Neste ano, o salário real médio dos indivíduos dos 50 aos 55 anos é de aproximadamente 1.185 euros.

Já na faixa etária dos jovens dos 25 aos 30 anos, verifica-se uma tendência diferente. O salário real médio dos jovens é, em 2021 e desde 2010, o mais alto de sempre. Contudo, é miseravelmente baixo, 962 euros, sendo que, quando comparado com os restantes países da Europa, é dos mais baixos numa escala internacional. Ainda no mesmo raciocínio, os jovens têm em 2021 mais poder de compra que em 2010.

Num contexto europeu, os salários reais médios por indivíduo em Portugal são muito baixos. Em 2021, segundo dados do Eurostat, o salário real médio em Portugal era de 1.161 euros, quando comparado com os 1.868 euros em Espanha, 2.355 euros em França, 2.786 euros no Reino Unido, 1.740 euros em Itália, 2.609 euros na Alemanha, 2.136 euros na Bélgica, 3.145 euros nos Países Baixos, 2.807 euros na Áustria ou os 3.031 euros na Suécia.

São poucos os países com salários reais médios por indivíduo mais baixos do que Portugal. Identifica-se a Letónia com 1.002 euros, a Polónia com 1.101 euros, a Hungria 1.012 euros, a Grécia com 1.050 euros e a Eslováquia com 986 euros. Essencialmente países de Leste, que entraram tarde na União Europeia e que, ao longo dos últimos anos, foram alvo do investimento da bloco comum devido às insuficiências económico-financeiras apresentadas, potenciando o seu crescimento. Portugal não devia estar incluído neste grupo de países, que, ao longo dos anos, apresentaram condições sócio-económicas muito distintas das nossas e que, recentemente, se assemelham em termos dos salários reais médios recebidos por indivíduo mensalmente.

Estará a Gen Z portuguesa, geração mais recente no mercado de trabalho, disposta a isto? O não é a certeza inter-geracional.