“Não fechamos as portas ao Ocidente. São eles que procuram isolar-se de nós”, diz Lavrov

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo acusa o Ocidente de não estar interessado em negociações para uma solução de paz no conflito com a Ucrânia. Considera que Zelenski é uma figura que “não tem a mínima autonomia”.

Numa entrevista exclusiva à RTP, em Moscovo, Serguei Lavrov acusou o Ocidente de não ter interesse em negociações para a paz enquanto a Ucrânia não atingir os seus objectivos. O ministro dos Negócios Estrangeiros recusou ainda que a Rússia tenha cortado os laços com os países ocidentais e que foram estes que se afastaram de Moscovo.

“Nós não rompemos as relações com o Ocidente. O Ocidente é que rompeu todas as relações connosco”, frisou Lavrov, explicando que as relações ficaram muito tensas ainda antes do início da guerra na Ucrânia, mais precisamente em Dezembro de 2016. “Nessa altura, Barack Obama – que estava a três semanas da sua saída da Casa Branca – expulsou 35 diplomatas russos em retaliação pela interferência russa nas eleições daquele ano, que deram a vitória a Donald Trump.”

Lavrov sublinhou que a Rússia “não fecha as portas ao Ocidente”. “São eles que procuram isolar-se de nós”, insistiu.

O responsável russo defendeu que o Kremlin não desistiu das negociações para a paz com a Ucrânia e assinalou que a resolução para o conflito está nas mãos de Vladimir Putin e de Joe Biden, salientando que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, é uma marioneta do Ocidente.

“Todos sabem que o Zelenski é uma figura que não tem a mínima autonomia. Dizem-lhe o que deve fazer, traçam-lhe uma linha de conduta. Seguindo essa linha, ele, claro, improvisa, dependendo do estado das coisas em cada dia concreto. De facto não faz sentido conversar com ele”, referiu Serguei Lavrov.

O chefe da diplomacia russa acusou ainda Washington de nunca se ter pronunciado “a favor da busca de uma solução de paz” e recordou que em Março do ano passado Moscovo e Kiev chegaram a uma base de entendimento.

“Não fomos nós que desistimos das negociações, mas os anglo-saxónicos, representados por Washington e Londres, proibiram Zelenski de o aceita”, apontou Lavrov.