Uma das medidas anunciadas pelo primeiro-ministro António Costa para apoiar as famílias será a implementação de transportes públicos gratuitos para crianças e jovens até aos 23 anos.
No entanto, esta medida, que tem sido defendida à esquerda e à direita (em Lisboa, Carlos Moedas foi o primeiro a propor isso), é uma daquelas medidas que devem mais à demagogia do que à racionalidade. E há pelo menos três razões para que assim seja.
Em primeiro lugar, porque não existe tal coisa como transportes públicos gratuitos. Para que os jovens até aos 23 anos possam andar sem pagar, alguém terá de o fazer. Terão de ser os outros utentes e o conjunto dos contribuintes a suportar esse custo.
Em segundo lugar, tal como o atual ministro das Finanças disse em tempos, nunca é boa ideia privar as empresas públicas das receitas de que necessitam para poderem prestar um serviço de qualidade.
Em terceiro, porque a função de um governo não devia ser distribuir esmolinhas e apoiozinhos pelo povo que supostamente vota nele, mas sim criar condições para que a economia possa crescer e o país se possa desenvolver de forma harmoniosa. Gostava de viver num país onde os jovens e os menos jovens não precisassem de andar à borla nos transportes públicos, porque tinham meios para pagar o bilhete. Será que o Governo quer o mesmo? E se sim, o que está a fazer para que as pessoas possam depender menos do Estado, nestas e noutras áreas? O que está o Governo a fazer para que os portugueses tenham mais dinheiro disponível no final do mês e sejam livres para escolherem o que fazem com ele?