Medina absoluto em Lisboa
A primeira sondagem sobre a corrida autárquica em Lisboa, feita pela Intercampus para o NOVO, indica que Fernando Medina – o mais que provável recandidato do PS à câmara – pode recuperar a maioria absoluta perdida há quatro anos. O candidato da coligação PSD-CDS, Carlos Moedas, mostra-se incapaz de mobilizar os eleitores da sua área política, com fugas para o Chega e a Iniciativa Liberal.
A primeira sondagem sobre a corrida autárquica em Lisboa, feita pela Intercampus para o número um do NOVO, indica que Fernando Medina – o mais que provável recandidato do PS à câmara – pode recuperar a maioria absoluta perdida há quatro anos. O candidato da coligação PSD-CDS, Carlos Moedas, mostra-se incapaz de mobilizar os eleitores da sua área política, com fugas para o Chega e a Iniciativa Liberal. CDU parece segurar o terceiro lugar, enquanto o Bloco de Esquerda disputa o quarto posto com o partido de André Ventura.
Fernando Medina pode recuperar a maioria absoluta em Lisboa. E Carlos Moedas, agora à frente de uma coligação PSD-CDS, fica abaixo da soma dos resultados obtidos em separado pelos dois partidos em 2017. São conclusões de uma sondagem da Intercampus para o NOVO, permitindo antever que o ciclo político protagonizado pelo PS na capital pode ganhar mais fôlego nas eleições do Outono – com inevitáveis reflexos na política nacional.
Neste inquérito – o primeiro elaborado sobre as corridas autárquicas em 2021 -, o mais que provável recandidato socialista supera por larga margem o antigo comissário europeu: estão separados por mais de 20 pontos percentuais.
Medina surge com 46,6% nas intenções de voto dos lisboetas, percentagem superior aos 42% que conquistou há quatro anos. E muito acima dos 25,7% agora atribuídos ao social-democrata que encabeça a coligação de centro-direita apostada em destronar o PS, força dominante na autarquia desde 2007 – primeiro com António Costa, até o actual primeiro-ministro ascender à liderança do Governo e, a partir de 2015, com o sucessor no comando da edilidade.
O socialista lidera em todos os segmentos consultados, mas alcança as melhores percentagens entre os eleitores acima dos 55 anos (52,3% no total) e do sexo feminino (50,5%). É aqui que se amplia a vantagem de Medina sobre Moedas, situando-se 26,9 pontos percentuais acima do social-democrata junto dos mais idosos e ultrapassando-o em 24,1 pontos junto das eleitoras.
Os números menos desfavoráveis ao cabeça-de-lista da coligação de centro-direita estão nos eleitores que oscilam entre 35 e 54 anos: aqui, Moedas recolhe 26,8% das intenções de voto – mesmo assim, a 16,5 pontos percentuais do presidente recandidato.
Mais sério e competente
Em todas as comparações entre ambos, Medina lidera destacado. Para os inquiridos pela Intercampus, o presidente recandidato revela mais competência técnica no confronto com Carlos Moedas (48,9% contra 20,3%).
É neste capítulo – decisivo para formar opinião entre os eleitores – que a distância mais se acentua. A menor diferença surge no capítulo da seriedade, ainda assim também favorável ao socialista (42,2% contra 21,1%).
Medina destaca-se igualmente noutras áreas temáticas: quando os eleitores são questionados sobre sinceridade, transparência e “boa visão e boas ideias para a cidade”.
A maioria dos lisboetas fazem uma avaliação positiva do trabalho de Fernando Medina à frente da mais emblemática autarquia do país, superando por larga distância aqueles que formam uma impressão desfavorável do seu trabalho.
Mais de metade dos eleitores demonstram satisfação com o desempenho do autarca, dividindo-se entre os 46% que o classificam de positivo e os 11% que vão ainda mais longe, considerando-o muito positivo.
A grande distância estão os que emitem opiniões opostas, exibindo o cartão vermelho ao socialista. A avaliação negativa ao mandato de Medina é subscrita por 10,5% dos inquiridos, enquanto apenas 2,5 fazem um diagnóstico muito negativo.
A meio da tabela, oscilando entre o positivo e o negativo, estão 28,8% dos inquiridos.
Outra pergunta do inquérito incide sobre a percepção dos eleitores, confrontados perante a alternativa de poder entre Medina e Moedas. Para a grande maioria (61,5%), o socialista reúne claramente mais hipóteses de vencer. Apenas 13,1% perspectivam uma vitória eleitoral do social-democrata.
CDU quebra, BE e Chega empatados
A sondagem indica que a CDU deverá ser a terceira força mais votada para o próximo elenco municipal, com 7,1%, mas recuando relativamente à percentagem de 2017, quando obteve 9,6% nas urnas.
Nos lugares imediatos antevê-se uma competição muito disputada entre o Bloco de Esquerda e o Chega para o quarto posto.
O inquérito da Intercampus prevê um intervalo reduzido entre as duas siglas, com ligeira vantagem para os bloquistas, que obtiveram 7,1% em 2017 e apresentam como cabeça-de-lista a deputada Beatriz Gomes Dias. O BE surge agora com 6,6%, enquanto o partido de André Ventura, em estreia absoluta numa corrida autárquica, recolhe 6,1% das intenções de voto candidatando o apresentador televisivo Nuno Graciano.
Uma leitura destes números permite concluir que a coligação encabeçada por Moedas é prejudicada pelo aparecimento em cena do Chega, que divide as opções à direita em Lisboa. E também, embora em margem mais reduzida, pela estreia da Iniciativa Liberal, que nesta pesquisa surge com 2,3%.
Quase residual é a percentagem prevista para o PAN. O partido que ainda não apresentou candidato recolhe apenas 0,5% – bastante abaixo dos 3% de há quatro anos.
A CDU obtém bastante mais apoio da parte dos homens (9,4%) do que das mulheres (5,2%). O Bloco de Esquerda tem as melhores cifras junto dos eleitores entre 33 e 54 anos (9,45%). E o Chega encontra mais suporte nos jovens do sexo masculino (7,2%). E menos adesão das mulheres (5,2%) com mais de 55 anos (5,1%).
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FICHA TÉCNICA A sondagem realizada pela INTERCAMPUS para o NOVO, com o objectivo de conhecer a opinião sobre diversos temas de política, bem como a intenção de voto nas próximas eleições autárquicas no concelho de Lisboa. Foi entrevistada população de ambos os géneros, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada no Concelho de Lisboa. A amostra é constituída por 611 entrevistas. Foi aleatoriamente seleccionado um número significativo de pontos de partida para a realização das entrevistas. A selecção dos lares foi realizada através de intervalo sistemático. No lar, o entrevistado foi seleccionado com base em quotas de género e idade, tendo em conta a população residente no concelho. A amostra foi elaborada com base nos dados do Recenseamento Eleitoral da População Portuguesa, da Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI). A informação foi recolhida através de entrevista presencial e directa, em total privacidade. O questionário foi elaborado pela INTERCAMPUS e posteriormente aprovado pelo NOVO. Estiveram envolvidos 24 entrevistadores, devidamente treinados para o efeito, sob a supervisão dos técnicos responsáveis pelo estudo. Os trabalhos de campo decorreram de 8 a 13 de Abril de 2021. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 4,0%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de 63%.
Artigo publicado na edição do NOVO nas bancas a 16 de Abril de 2021.