Médicos internos fazem greve pela primeira vez
Sindicato Independente dos Médicos convocou uma greve para os dias 23 e 24 de agosto. Será a primeira vez que médicos internos fazem greve em Portugal.
Os médicos internos vão fazer greve, nos dias 23 e 24 de agosto, algo que o Sindicato Independente dos Médicos, que convocou a paralisação, sublinhou acontecer pela primeira vez no nosso país.
Entre as reivindicações dos médicos estão a revisão da grelha salarial, o reconhecimento do internato médico como primeiro patamar da carreira médica, uma remuneração para médicos internos que preveja apoio em cursos obrigatórios, a defesa e valorização dos médicos internos e o apoio e valorização dos orientadores de formação.
O SIM considera baixo o salário dos médicos internos, que corresponde, em termos líquidos, a 7,66 euros por hora, defendendo assim a sua revisão.
O sindicato recorda que “a formação médica pós-graduada tem uma duração entre 5 a 7 anos (internos da formação geral e da especialidade)”, corresponde, na realidade, a trabalho efetiva e deve, por isso, “ser valorizada para efeitos de progressão da carreira”.
De acordo com um inquérito interno realizado pelo SIM, quase dois terços dos médicos internos gastam mais de mil euros por ano em formação, isto apesar de o Estado e o Serviço Nacional de Saúde terem uma “obrigação legal” em assegurá-la. Além disso, os médicos internos representam cerca de um terço dos médicos do Serviço Nacional de Saúde, trabalham 40 horas semana e realizam hora extraordinárias remuneradas e não remuneradas. Nalguns casos, são escalados como especialistas, acabam por financiar a sua própria especialidade com tempo e dinheiro pessoas, que usam para formação e produção científica, o que leva o SIM a reivindicar uma maior defesa e valorização dos internos enquanto profissionais de saúde.
Finalmente, o SIM pretende também valorizar todos os orientadores de formação, além da Medicina Geral Familiar e das Unidades de Saúde Familiar-B, uma vez que, recordam, usam o tempo pessoal, “de forma gratuita e altruísta”, para “formar, oreintar e rever a produção científica dos médicos internos”.