Médicos e governo retomam hoje negociações, sem “grandes expectativas”
Federação Nacional dos Médicos vai apresentar proposta de um mediador independente para resolver o impasse na revisão da tabela salarial. É a 5.ª reunião, num ambiente de alguma tensão.
Os sindicatos representativos dos médicos voltam hoje à mesa das negociações “sem grandes expectativas” em relação à abertura do governo para rever a tabela salarial e ir além da proposta que já apresentou.
Esta é a 5.ª reunião extraprotocolo negocial, assinado em 2022, que previa inicialmente que as negociações ficassem concluídas até final de junho, o que não aconteceu, com os sindicatos a rejeitarem a proposta apresentada pelo Ministério da Saúde.
Em declarações à CNN esta manhã, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, disse que as expectativas para esta nova reunião “são naturalmente baixas”, acusando o primeiro-ministro de ter “negligenciado o Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e de ter “uma fixação” com a dependência dos prestadores de serviços.
Também a líder da FNAM, Joana Bordalo Sá, disse não ter “grandes expectativas” quanto à reunião desta tarde, anunciando que vai levar para a mesma a proposta de um mediador independente para que seja possível contornar o impasse em que se encontram as negociações
O governo propôs um aumento de 1,6% no âmbito da revisão da tabela salarial, mas os sindicatos rejeitaram, por considerarem um aumento muito reduzido, que reduz o poder de compra dos médicos, embora o governo argumente que apresentou propostas gerais que representam um aumento de 24% da massa salarial daqueles profissionais. Joana Bordalo de Sá diz que a proposta do governo “é inaceitável” e e acusa o ministério da Saúde de “falta de competência e seriedade”.
Nos últimos dias, os médicos lançaram o “Manifesto da Insubmissão Médica”, no qual exigem seriedade nas negociações, e pediram ainda ao Presidente da República que use a magistratura de influência para se ultrapassar o impasse entre governo e a classe.
As negociações já se arrastam há 15 meses, com uma forte tensão entre Executivo e médicos, que já realizaram algumas greves.