Marcelo diz que russofobia “é um disparate”

Presidente da República esteve na Universidade de Verão do PSD, onde falou sobretudo sobre a guerra na Ucrânia, mas não deixou de criticar o facto de, hoje, em política existir mais emoção que razão.

O presidente da República marcou presença quarta-feira à noite na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, deixando logo definido à partida que só falaria sobre a guerra na Ucrânia, uma forma de evitar comentar as eleições presidenciais de 2026.

No rescaldo do anúncio de Marques Mendes de que está disponível para ser candidato a Belém caso exista uma vaga de fundo, Marcelo escusou-se a fazer comentários, reafirmando por diversas vezes que só estava no evento do PSD (no qual nunca tinha marcado presença fisicamente, mas apenas à distância, enquanto chefe de Estado) para falar sobre a Ucrânia. Mas, aplicando a afirmação tanto à política internacional, como nacional, avisou que hoje faz-se política mais com emoção do que com razão. “Não sei se é bom”, disse, acrescentando: “por vezes a emoção vai para o lado da irracionalidade e isso deve evitar-se”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve recentemente em Kiev, contou aos cerca de 100 alunos da Universidade de Verão que teve uma sensação “muito impressiva” quando esteve na capital da Ucrânia, lembrando que Portugal é um dos países” que “mais apoio” em dado ao país invadido pela Federação Russa. Apesar disso – deixou claro o chefe de Estado – “nunca se deve alimentar a russofobia”, que considerou “um disparate”. Para Marcelo, “é um disparate dizer que não se passa filmes russos, que não se ouve música russa ou que toda a cultura russa é omitida”.

“É uma coisa sem senso, é uma forma estúpida de defender uma causa”, frisou Marcelo, que deixou um rasgado elogio ao presidente ucraniano, que disse ser “empático”, “rápido”, “inspiracional” e que “não está para conversa mole”.

Questionado por vários alunos sobre questões relacionadas com a Ucrânia e política internacional, Marcelo disse, a respeito do recente alargamento do BRICS, que esta questão “deve ser acompanhada atentamente por quem está no universo da União Europeia”, lembrando que face ao período pós-segunda guerra deu-se uma inversão no peso do poder da China e da Rússia no mundo, com uma supremacia da primeira em aspectos globais. Marcelo falou ainda sobre o crescimento do populismo na Europa, que preenchem “vazios”. “Quem se distrair, perde o pé”, avisou.