Marcelo anuncia fim do estado de emergência e alerta que volta atrás se for preciso
Em declaração ao país, o Chefe de Estado apelou à sensatez e solidariedade dos portugueses. Objectivo é não ter de recuar na decisão tomada esta terça-feira, que confessou ter como base “a confiança”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou, esta terça-feira, que decidiu não renovar o Estado de Emergência, tendo em conta os dados actuais da pandemia de covid-19 em Portugal.
”Decidi não renovar o estado de emergência”, começou Marcelo por anunciar, antes de explicar que tomou tal decisão perante “a estabilização da pandemia, a diminuição do número de mortos e de doentes em cuidados intensivos, a redução do índice de transmissibilidade [Rt] e bem como a estabilização da incidência”.
Assim, o estado de emergência termina na sexta-feira ao fim de 173 dias consecutivos em vigor, com 11 renovações. O regime de excepção foi aplicado pela primeira vez em democracia em Março do ano passado, vigorando durante 45 dias. Somando os dois períodos, Portugal viveu 218 dias nesta conjuntura.
Apesar da decisão de levantar o estado de excepção em vigência no país, o Presidente República deixou um alerta claro ao recordar o que têm dito os especialistas e a necessidade de se perceber que o perigo de transmissão existe. “Não estamos numa época livre de covid-19”, frisou na declaração aos portugueses a partir do Palácio de Belém.
Confidenciando que o passo anunciado esta terça-feira “é baseado na confiança”, Marcelo apelou a que se mantenham ou adoptem “todas as medidas consideradas indispensáveis para impedir recuos, retrocessos, regressos a um passado que não se deseja”.
No mesmo sentido, Marcelo garantiu que avança com novo estado de excepção caso a evolução da pandemia não decorra como esperado. “Se necessário for, não hesitarei em avançar com um novo estado de emergência”, avisou de forma clara, reforçando saber que “cada abertura implica ainda mais responsabilidade”.
Por isso, deixou um apelo aos cidadãos, a quem disse “estar grato por este ano e dois meses de corajosa e disciplinada resistência”: “Acredito na vossa sensatez e solidariedade, numa luta que é de todos. Cada português conta e vai contar porque cada português sabe o que é Portugal”.
Há 20 dias, o Chefe de Estado disse esperar que o estado de emergência não voltasse a ser decretado para além de Abril e que se pudesse entrar numa “boa onda” em Maio, o que fez depender dos dados da covid-19 em Portugal. A última etapa do plano de desconfinamento do Governo está prevista para a próxima segunda-feira, 3 de Maio.
Esta terça-feira, o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde revelou que foram registadas mais cinco mortes e 353 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2. Além disso, houve uma nova redução do número de internamentos em enfermaria e cuidados intensivos.
Desde o início da pandemia Portugal já contabilizou 834.991 casos confirmados e 16.970 óbitos. Segundo a AFP, a crise de saúde pública provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infecção.