Joseph Losey: autor sem pátria, autor sem lei
A partir desta segunda-feira, o Espaço Nimas e o Teatro Campo Alegre revisitam em cinco filmes em cópias restauradas a obra de Joseph Losey, cineasta americano que se fez europeu com o exílio a que foi forçado pela caça às bruxas do macarthismo.
Histórias de patrões e de criados hão-de dar sempre motes perfeitos. Para mergulhos no emaranhado da psique humana, para pensar relações de poder ou sistemas de classes como é, como era já no tempo em que por lá se exilou, o britânico. Como americano que era a viver e a trabalhar exilado no Reino Unido, Joseph Losey desenvolveu aquilo que Gene D. Phillips descreveu como um fascínio pelo sistema de classes britânico, tópico que explorou em filmes como “O Criado” (1963), no qual se inspirou, não é segredo, o sul-coreano Bong Joon Ho para o seu aclamado “Parasitas”.
“Frequentemente, os filmes de Losey têm uma dimensão social; e isto é verdade, sente ele, não apenas naqueles dos seus filmes que lidam com óbvios problemas sociais, como ‘King and Country’ (1964), mas também naqueles relacionados com pessoas instruídas como ‘O Criado’”, escreveu Phillips no texto introdutório a “Hollywood Exile: An Interview with Joseph Losey”. Citava depois o cineasta recorrentemente descrito como o mais britânico dos realizadores americanos, e à história do seu exílio já iremos: “Se fazemos um filme sobre mineiros, é imediatamente considerado um filme com importância social, quer o seja ou não, enquanto a importância social de outros filmes é muitas vezes desvalorizada.”
Leia o artigo na íntegra na edição impressa do NOVO, nas bancas a 16 de Abril de 2021.