Ainda no rescaldo dos dados recentemente publicados, que dão nota da situação de verdadeira emergência nacional em que se encontram as nossas Forças Armadas, votadas a anos de abandono, onde as saídas são mais que muitas, e, com missões de soberania nacional em risco de incumprimento, eis que altos responsáveis do PS (quem mais) lançam a ideia, peregrina, de recrutamento de estrangeiros para suprir essas lacunas.
Sempre o caminho (socialista) mais fácil.
Mais do que tentar perceber a raiz do problema – certamente por falta de tempo para a leitura dos milhares de estudos, unânimes, sobre a matéria – melhorando as condições de vida dos atuais militares e tornando (como já foi) atrativa a carreira das armas (mesmo para o depauperado universo da administração pública), com melhores condições, salários, saúde ou assistências sociais dignas, estes novos “iluminados” pretendem umas Forças Armadas “low cost” constituídas por mercenários.
Para uma análise séria da questão é impossível dissociar esta verdadeira catástrofe (largamente anunciada) do fim, populista e sem alternativa, do Serviço Militar Obrigatório no nosso país. Progressivo no final dos anos 90, com a publicação da Lei do Serviço Militar de 99, num governo Guterres, e definitivamente consumado em 2004, com Paulo Portas na pasta da Defesa Nacional.
Como em muitos outros casos neste “jardim à beira-mar plantado”, na descrição de Tomás Ribeiro, não há inocentes.
Nesse sentido, há mais de 25 (ou mesmo 30) anos que gerações de decisores, políticos e jovens não têm qualquer relação com este instrumento fundamental da soberania e independência nacionais. Daí que equacionem, com a maior das ligeirezas, mercantilizar a defesa da Pátria (dos seus símbolos e valores) a troco de uma qualquer atribuição de nacionalidade.
Numa sociedade de muitos direitos e escassos deveres, em que grassam a desorganização, o individualismo, o materialismo e a (ilusória) igualdade, claro está que uma instituição organizada, inclusiva e em que, independentemente da proveniência geográfica, social, económica ou académica, todos são tratados da mesma forma, cria repulsa nos tempos que correm.
Deverá, assim, mais do que “tapar o sol com a peneira” e para além da dignificação da condição militar, seriamente e sem quaisquer complexos, ser lançado o debate sobre a criação de um novo Serviço Cívico Obrigatório, para ambos os sexos, que albergue uma componente militar – até estarem preenchidas as tais necessidades vitais e sem os problemas de outrora – mas também contendo uma componente na Proteção Civil, na Saúde ou até no setor social do Estado.
Desta forma seriam acauteladas as objeções de consciência, alargada a base de recrutamento e “libertados” profissionais altamente especializados para missões de soberania nacional.
Claro que para esta ministra, à imagem dos seus ilustres académicos antecessores socialistas, que nestes últimos oito anos mais não têm feito do que estudar cenários já muito estudados, tentar “evangelizar” um setor que precisa sim de ação e recursos ou ainda dedicarem-se a ser ministros dos Negócios (devidamente sublinhado) Estrangeiros da Defesa, tudo isto não passa de reflexões pífias. Pensa mal e não será (felizmente) recordada.