F não é de fake

Na exposição que marca a reabertura
da Balcony, Sara & André apresentam-se com uma exposição em que
dão mais um passo no questionamento da questão da a autoria. E também do valor da arte. Tanto que das 90 obras que compõem “F For…”, nenhuma está para venda. Regressarão todas a casa.

Na exposição que marca a reabertura da Balcony, Sara & André apresentam-se com uma exposição em que dão mais um passo no questionamento que se tornou já constante de questões como a autoria. E também do valor da arte. Tanto que das 90 obras que compõem “F For…”, nenhuma está para venda. Regressarão todas a casa.
Este “F” não é, como em Orson Welles, de fake. Em “F for Fake” (1973), filme-ensaio que co-realizou com François Reichenbach e Oja Kodar, Orson Welles retratava Elmyr de Hory, falsificador de arte profissional, para a partir daí se embrenhar no questionamento de conceitos como autoria e autenticidade. Por caminhos não muito longe dos seus gostaram sempre de andar Sara & André, a dupla de artistas que inaugurou na Balcony, em Lisboa, na reabertura das galerias, “F For…”, exposição que marca o início da sua colaboração com a galeria de Alvalade.Vão na verdade mais longe: tornaram-se já eles próprios agentes activos desse questionamento na produção das suas obras. “Nunca fizemos obras falsas, mas fizemos obras no estilo de outros artistas”, diz André. Sobre Hory, esse sim, falsificador de profissão, Sara lembra a exposição que chegou a dedicar-lhe o Prado: “Muitos desses quadros ainda estão em museus como se fossem verdadeiros.”
De volta a “F For…”, a exposição com que desconfinaram neste segundo regresso à normalidade, resposta para este “F” não se encontrará sequer na folha de sala: um conjunto de rabiscos como os de uma criança que imita o exercício da escrita. Da mesma forma que para o convite da exposição cada um dos artistas tinha desenhado a sua mão boa pela sua mão má – a esquerda, no caso de Sara, e a direita, para André -, no exercício de um adulto de produzir em desenho o traço de uma criança.
Leia o artigo na íntegra na edição impressa do NOVO, nas bancas a 30 de Abril de 2021.