A economia portuguesa apresentou um excedente externo de 3,2 mil milhões de euros até julho, o que compara com um défice de 2.400 milhões de euros no período homólogo de 2022, divulgou hoje o Banco de Portugal.

De acordo com os dados da balança de pagamentos, publicados pelo banco central, esta evolução reflete a diminuição do défice da balança de bens, de 248 milhões de euros, uma vez que as exportações cresceram mais do que as importações (1,1% e 0,4%, respetivamente), bem como o aumento do excedente da balança de serviços, de 4,154 mil milhões de euros (devido à evolução do saldo de viagens e turismo de 2,094 mil milhões de euros).

Adicionalmente, reflete também o aumento do excedente da balança de capital, de 943 milhões de euros para 1,823 mil milhões de euros, devido a atribuição de fundos europeus e maior cedência de licenças de carbono.

Segundo o Banco de Portugal, a capacidade de financiamento da economia portuguesa entre janeiro e julho traduziu-se num saldo da balança financeira de 3.476 milhões de euros, refletindo o aumento dos ativos sobre o exterior, de 5,6 mil milhões de euros, resultante do aumento dos depósitos do banco central no exterior (2,016 mil milhões de euros), do investimento das administrações públicas em títulos emitidos por não residentes (1,551 mil milhões de euros) e em fundos de investimento estrangeiros (1,405 mil milhões de euros) e ainda do acréscimo dos empréstimos concedidos por empresas a entidades não residentes (1,078 mil milhões de euros).

Reflete ainda a subida dos passivos, de 2,124 mil milhões de euros, devido ao aumento dos depósitos de não residentes nos bancos nacionais (5,695 mil milhões de euros), ao investimento direto estrangeiro em instrumentos de capital de sociedades não financeiras (3,629 mil milhões de euros), aos fundos comunitários recebidos e ainda não entregues aos beneficiários finais (2,071 mil milhões de euros), o que foi parcialmente compensado pela redução dos passivos externos do banco central (9,426 mil milhões de euros).

A instituição liderada por Mário Centeno detalhou que os setores que mais contribuíram para a variação positiva dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo foram o banco central (7,709 mil milhões de euros), as administrações públicas (3,176 mil milhões de euros) e as instituições financeiras não monetárias exceto empresas de seguros e fundos de pensões (1,772 mil milhões de euros).

Já as empresas de seguros e fundos de pensões e as sociedades não financeiras apresentaram variações negativas dos seus ativos líquidos (-7,410 mil milhões de euros).