No rescaldo do enorme sucesso para a Igreja Católica que foi a Jornada Mundial da Juventude, discute-se agora qual a solução mais adequada para o Parque Tejo. As forças políticas do mainstream não previram o que fazer ali depois do evento, nomeadamente o presidente da Câmara de Lisboa, Moedas, que se apressou a declarar que não queria construção, não queria cimento, mas um grande parque para as pessoas fruírem, e ficou-se por ali.
É também um facto que o anterior executivo socialista nada preparou nem planificou para o pós-jornada. Medina e Sá Fernandes deixaram passar praticamente dois anos sem uma decisão de fundo, tendo perdido as eleições autárquicas de 2021 com zero medidas políticas ou estruturais para aquele local.
Nos últimos dias soubemos pela imprensa da realização, no final de setembro de 2023, da Semana Académica, o primeiro evento após a vinda do Papa Francisco a Lisboa. Nada contra que este ou outros eventos possam aí ocorrer. Apenas com uma curiosidade: todos percebemos que o palco, no sítio onde está, não funciona. No cimo de uma colina, só os espetadores que estejam mesmo à frente é que conseguirão, e mal, visualizar os protagonistas. A melhor forma de o público poder confortavelmente assistir e poder vê-los a olho nu é em sentido descendente, em formato anfiteatro, e o palco teria de estar no limite do concelho de Lisboa, junto e de costas para o rio Trancão.
O concelho de Lisboa detém no Parque Tejo 30 talhões com cerca de 10 mil metros cada. Ora isso permite fazer muito mais do que apenas concertos ou eventos culturais. Lisboa tem uma carência gritante de instalações desportivas. São poucas as escolas públicas com pavilhões gimnodesportivos e os clubes e coletividades de Lisboa veem-se com enormes dificuldades para encontrar espaços para as suas crianças e jovens atletas.
Apostar no desporto e na juventude é o melhor investimento que se pode fazer porque o retorno é inestimável. Lisboa e os lisboetas merecem um investimento significativo em equipamentos desportivos. Necessitamos de campos de futebol, râguebi, pavilhões para as modalidades de futsal, andebol, basquetebol, voleibol, entre tantas outras modalidades. O atletismo de estrada, cross e pista pode encontrar ali um lugar privilegiado para o seu treino se forem criadas as infraestruturas. O praticamente inexistente desporto escolar poderia ter ali uma solução. Obviamente que a logística só permitiria ter as escolas da zona oriental da cidade, concretamente das freguesias de Marvila, Beato, Olivais, Santa Clara e Lumiar, a desfrutarem dos equipamentos a criar.
A estação de metropolitano de Moscavide dista mais de mil metros do local. O plano de expansão do metro, caso a cidade desportiva fosse uma realidade, deveria contemplar um terminal dedicado.
Promover e aproveitar o Parque Tejo para os jovens poderem praticar desporto de forma consistente e com qualidade seria a melhor forma de resolver um problema sistémico de carência de instalações e deixar um legado da vinda do Papa de que todos se orgulham e reclamam, mas poucos fazem por preservar.
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