Dezenas de personalidades associam-se ao projecto Cidadania da Língua portuguesa
Mia Couto, diplomatas, ministros, escritores, actores e produtores culturais fazem parte das personalidades que vão assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, a 5 de Maio.
Dezenas de personalidades lusófonas associaram-se ao projecto Cidadania da Língua, iniciativa da Associação Portugal Brasil 200 anos, que assinala, esta sexta-feira, 5 de Maio, o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
“Para marcar esta data tão importante para os países falantes da língua portuguesa, a Associação Portugal Brasil, em conjunto com os seus parceiros, propõe uma reflexão acerca do tema”, revelou esta quinta-feira o presidente da entidade, José Manuel Diogo, à Lusa. “Para isso, convidou várias figuras marcantes, que têm como denominador comum a língua portuguesa, a gravar um vídeo em que partilhem a sua própria visão da Cidadania da Língua. Aliás, o vídeo deverá começar com a frase ‘Para mim, a cidadania da língua é…’”, explicou.
Estes vídeos curtos começarão a ser apresentados na sexta-feira, no Flipoços, fazendo parte da programação oficial do Festival Literário Internacional em Poços de Caldas, estado brasileiro de Minas Gerais, “como parte de uma instalação permanente sobre a Cidadania da Língua, que terá a sua estreia em Coimbra, no dia 23 de Junho, na Feira do Livro da cidade, no ciclo Cidadania da Língua”.
Entre as personalidades que já aderiram ao projecto, José Manuel Diogo destaca Mia Couto, galardoado em 2013 com o Prémio Camões, e ainda diplomatas, ministros, escritores, actores e produtores culturais.
Para José Manuel Diogo, a língua portuguesa “é uma cidadania”
“É, provavelmente, a única língua que até actualmente, neste tempo de conectividade global, um dos países criou uma lei que faz com que falantes dessa língua possam viver noutro país”, acrescentou, numa referência ao acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“O acordo de mobilidade da CPLP, ao garantir autorização de residência em Portugal praticamente automática aos cidadãos dos países de língua portuguesa, é um instrumento revolucionário porque assenta na pertença a uma língua comum, e não a uma geografia. Esta desmaterialização da cidadania é uma inovação civilizacional”, defendeu.
“Isso mostra que a língua está mais viva que nunca, é mais importante que nunca”, prosseguiu.
O projecto Cidadania da Língua estende-se até 12 de Outubro, numa parceria ao abrigo de acordos assinados em 2022 pelo Senado Federal do Brasil e a Câmara Municipal de Coimbra, com a inauguração da Casa da Cidadania da Língua, que terá a missão de “estudar, pensar, pesquisar as novas vizinhanças, as periferias que chegam ao centro, novos actos culturais, novas maneiras de entender o mundo”.
O projecto é coordenado pela escritora brasileira Samantha Buglione, com co-curadoria do escritor também brasileiro André Augustus Dias e dos produtores culturais portugueses Carlos Moura Carvalho e José Manuel Diogo.