D. Manuel Clemente recusa dar nome à ponte do Trancão
O (ainda) cardeal-patriarca agradeceu a atenção da Câmara Municipal de Lisboa, mas não quer ser “causa de divisão”.
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, pediu para que o seu nome não seja atribuído à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, na sequência da polémica gerada nos últimos dias, informou hoje o Patriarcado.
“O Patriarcado de Lisboa informa que D. Manuel Clemente pediu para não se efetivar a atribuição do seu nome à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão”, refere um comunicado divulgado esta segunda-feira.
O patriarca, no mesmo comunicado, “agradece a atenção da Câmara Municipal de Lisboa, mas não quer, de modo algum, que a atribuição seja causa de divisão, ou que alguém se sinta ofendido”.
A nota dá conta ainda de que “a Jornada Mundial da Juventude quis ser, muito pelo contrário, uma ocasião de reencontro de todos, em favor de uma sociedade mais justa e solidária”.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Lisboa anunciou na sexta-feira que a nova ponte ciclopedonal que liga a capital ao concelho de Loures, sobre o rio Trancão, e que foi construída na zona oriental da cidade para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), iria chamar-se Ponte Pedonal Cardeal Dom Manuel Clemente.
Manuel Clemente, que agradeceu na ocasião o gesto, deixará de ser oficialmente patriarca de Lisboa a 2 de setembro, altura em que será sucedido pelo atual bispo das Forças Armadas, Rui Valério.
A polémica sobre a atribuição do nome do cardeal-patriarca de Lisboa Manuel Clemente à ponte ciclopedonal no Parque Tejo fez circular na internet quatro petições dirigidas ao município da capital, umas a favor e outras contra.
As petições que iam contra o nome de Manuel Clemente invocam a laicidade do Estado português e as suspeitas de encobrimento pelo cardeal dos abusos sexuais de menores na Igreja Católica portuguesa.
Em contrapartida, as petições a favor da designação de Manuel Clemente advogam o seu exemplo como sacerdote e cidadão, “educado em sintonia com o Papa Francisco e com a atitude da Igreja Católica em combater todo e qualquer tipo de abuso no interior da Igreja”.