Foi um ataque cerrado. Tanto ao PS e ao governo, como ao PSD e à decisão do maior partido da oposição de se abster na moção de censura que o Chega levou a debate esta tarde no parlamento contra o executivo de António Costa.
Citando uma frase que Francisco Sá Carneiro citou naquele mesmo parlamento – “Apesar de tudo isto, o que não posso é ficar calado perante esta injustiça” -, André Ventura pediu ao PSD que honrasse o seu fundador e líder histórico e mostrasse que “quer ser alternativa”, como “pediu o presidente da República” e que dissesse no final do debate da moção: “nós somos alternativa”. Que é como quem diz: votem a favor.
Na semana passada, o PSD revelou que, tal como fez na primeira moção de censura apresentada pelo Chega, vai abster-se nesta censura, uma opção que André Ventura, sem nunca citar o nome do partido, atacou, dizendo que no espaço não socialista os que não votarem a favor “puxa os lençóis à noite e dorme com o PS”.
André Ventura lembrou ao PSD que “prometeu ser alternativa”, lembrou que o próprio chefe de Estado disse estar à espera de uma alternativa e deu a entender que este é o momento de o partido liderado por Luís Montenegro mostrar se quer ser essa alternativa.
Antes das farpas lançadas ao PSD (o próprio André Ventura chegou a admitir que esta moção de censura servia também para obrigar o PSD a posicionar-se), o líder do Chega fez um ataque cerrado a António Costa e à sua governação: “Este é o pior governo e o pior primeiro-ministro da nossa história”.
O líder do Chega acusou Costa de “não oferecer futuro” aos portugueses, de liderar um governo “descoordenado”, “desgovernado” e “de paranoia”, atirando: “Conheço associações de reformados que jogam à bisca e à sueca com mais consistência”. André Ventura lembrou ainda que em 15 meses já 13 governantes saíram do governo, acusando alguns que ficaram de “ser ministros-fantasma” e de apenas se manterem por “capricho” do primeiro-ministro. Deu como exemplos os ministros João Cravinho e João Galamba, “o ministro da pancadaria”.
André Ventura falou da “grave” situação da saúde, em que os portugueses esperam dois anos por uma consulta e três por uma cirurgia e atirou: “Senhor primeiro-ministro, se não fizer mais nada, dê saúde aos portugueses porque são eles que lhe pagam o salário”.
O líder do Chega atacou ainda o governo com a situação na habitação, acusando Costa de ter enviado “uma carta bonita” a Bruxelas a pedir ajuda, dando “menos zero” aos portugueses, apelidando o Mais Habitação de ser um “programa digno de Otelo Saraiva de Carvalho”.
“O primeiro-ministro só tem para dar a destruição do país”, rematou André Ventura, avisando que quem votar contra a moção de censura “é cúmplice” de António Costa e “julgado nas próximas legislativas”.