CDS posiciona-se na direita democrática, contra populismos e “linguagem agressiva”
Partido liderado por Nuno Melo atualizou Declaração de Princípios de 1974, na qual, sem nunca citar, é possível perceber um claro afastamento e demarcação face ao Chega.
O CDS vai apresentar sábado uma nova Declaração de Princípios, adaptada ao século XXI, na qual se afirma como um partido “do centro-direita e da direita democrática”, estruturalmente “anti-totalitário e anti-coletivista”.
No documento, a que o NOVO teve acesso, o CDS afirma-se defensor da economia de mercado, mas também do Estado Social, na defesa dos mais pobres. Reitera que é contra todos os populismos e “contra visões ideológicas absolutas e fechadas”.
A revisão da Declaração de Princípios de 1974 vai ser apresentada por António Lobo Xavier na Convenção Programática do CDS do próximo fim de semana, que marca a rentrée do partido e que vai juntar os três ex-líderes Paulo Portas, Manuel Monteiro e Assunção Cristas, que se juntam assim a Nuno Melo.
No documento, o CDS reafirma que “permanece fiel ao diálogo e à tolerância como métodos democráticos privilegiados”. Sem nunca citar nomes de partidos, percebe-se da leitura da Declaração de Princípios um afastamento ou tentativa de demarcação de partidos tidos como de extrema-esquerda, no caso, em Portugal, o Chega.
“O CDS aceita as ideologias alheias e os diferentes partidos, na estrita medida em que mostrem respeitar os princípios e regras constitucionais: são rivais legítimos, com os quais admite cooperar em matérias de interesse nacional ou geral”, lê-se na nova Declaração de Princípios.
O partido define ainda que no plano nacional “encontra-se do lado oposto aos que atacam o prestígio das instituições constitucionais”, como o parlamento, os tribunais, a lei, os direitos e garantias fundamentais, as Forças de Segurança e as Forças Armadas. Afirma-se contra “todas as formas de discriminação”, contra a “linguagem agressiva, violenta ou de exclusão” e do discurso que “fomenta do ódio”.
“O CDS rejeita por isso todos os populismos, sejam eles de esquerda ou de direita”, diz ainda o documento.
São assumidos como princípios-base a defesa do ambiente, da natalidade, da boa gestão da água, do planeta e das gerações futuras.
“Os partidos e movimentos populistas alimentam-se justamente da desilusão causada pelo falhanço dos poderes públicos, atingidos pela corrupção, pela mediocridade política, pela incapacidade de colocar em prática estratégias e mudanças que resolvam especialmente os problemas da exclusão social e económica. O CDS defende, por isso, um Estado forte no plano da ordem e da segurança dos cidadãos, fundado na lei, na probidade e autoridade moral dos seus servidores e dirigentes, capaz de restaurar as dinâmicas sociais e económicas de um bem-estar sustentável e progressivamente generalizado”, lê-se na Declaração de Princípios, onde se defende também o equilibro entre economia de mercado e Estado Social.
O CDS reafirma ainda o seu compromisso com a lusofonia, a União Europeia e a NATO.