Casal Obama saúda condenação de polícia que matou Floyd, mas diz que “está longe de ser suficiente”
“Verdadeira justiça” exige que se aceite o facto de que “os afro-americanos são tratados de forma diferente, referiu o ex-presidente dos Estados Unidos.
O ex-Presidente dos EUA Barack Obama (2009-2017) e a ex-primeira dama Michelle Obama saudaram a decisão do júri que considerou o ex-polícia Derek Chauvin culpado da morte do afro-americano George Floyd.
O casal Obama, contudo, considerou que a “verdadeira justiça” exige que se aceite o facto de que “os afro-americanos são tratados de forma diferente” e que o veredicto “está longe de ser suficiente”.
“Hoje [terça-feira], um júri em Minneapolis fez a coisa certa”, afirmou o casal, o único afro-americano a chegar à Casa Branca, numa declaração que divulgaram depois de saberem do veredicto unânime no julgamento de Floyd, cuja morte a 25 de Maio de 2020, resultou numa onda de manifestações que abalou os Estados Unidos.
Today, a jury did the right thing. But true justice requires much more. Michelle and I send our prayers to the Floyd family, and we stand with all those who are committed to guaranteeing every American the full measure of justice that George and so many others have been denied. pic.twitter.com/mihZQHqACV
— Barack Obama (@BarackObama) April 20, 2021
Ambos recordaram que a morte de Floyd reverberou “em todo o mundo”, mas havia sempre a questão mais básica: “Seria feita justiça?”.
“Neste caso, pelo menos, temos a nossa resposta. Mas se formos honestos connosco próprios, sabemos que a verdadeira justiça é muito mais do que um único veredicto num único julgamento. A verdadeira justiça exige que aceitemos o facto de que os afro-americanos são tratados de forma diferente, todos os dias”, sublinharam.
“Milhões dos nossos amigos, familiares e concidadãos vivem com medo de que o seu próximo encontro com as forças da lei seja o seu último”, observaram.
Ainda que o veredicto de terça-feira “possa ter sido um passo necessário no caminho para o progresso, está longe de ser suficiente”, disseram Barack e Michelle Obama, que apelaram à concretização de “reformas concretas” para reduzir e eliminar o preconceito racial no sistema de Justiça criminal e expandir as oportunidades económicas para as comunidades marginalizadas.
“Podemos retirar força aos milhões de pessoas – especialmente aos jovens – que marcharam e protestaram e se manifestaram ao longo do último ano a fazer incidir uma luz sobre a desigualdade e a exigir mudanças. A justiça está mais próxima hoje não só por causa deste veredicto, mas também por causa do vosso trabalho”, sublinharam.
O júri do julgamento do ex-polícia acusado de matar o afro-americano George Floyd considerou-o, por unanimidade, culpado de todas as acusações de homicídio.
Chauvin foi acusado de assassínio em segundo grau, punível até 40 anos de prisão; homicídio em terceiro grau, com pena máxima de 25 anos, e homicídio em segundo grau, com pena de prisão até 10 anos.
Como não tem antecedentes criminais, Chauvin só poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações e a quatro anos de prisão pela terceira.
Chauvin declarou-se inocente de todas as acusações.
A morte de George Floyd, aos 46 anos, aconteceu em 25 de Maio de 2020, na sequência da sua detenção pela polícia de Minneapolis por suspeita de tentar pagar a conta do supermercado com uma nota falsa de 20 dólares (cerca de 16 euros).
A morte foi filmada em vídeo por transeuntes e divulgada nas redes sociais, sendo que o vídeo mostra Floyd a ser retirado do carro onde seguia sem resistir à polícia e Derek Chauvin a colocar o joelho no pescoço de Floyd e a pressionar durante quase nove minutos. No vídeo é possível ouvir-se Floyd a dizer ao polícia que não consegue respirar, acabando por morrer.