Em “Proxy”, nas negociações de techno áspero com bolhas de oxigénio electrónico e vocal, a abrasão troca-se por uma volúpia industrial, mas mais mansa do que pode parecer.
Pop com (perdão) um je ne sais quoi, que encontra nos sintetizadores a sua maquinaria, fazendo da electrónica anónima o seu betão. Num mundo d.E. (depois de Eilish), é versátil e temperada, sem odor de desespero.
Se a primeira caixa dos “Joni Mitchell Archives” era a pré-história, “Vol. 2: The Reprise Years, 1968-1971” é o diário de bordo da cantautora a trocar os cafés e os bares pelas salas de concerto, a empunhar uma guitarra estranhamente afinada e uma tessitura emocional assustadoramente ampla.
Num espaço liminar, tudo se confunde; num estado de fusão, nada se separa. É isso que explica a estética de “Glass Lit Dream”, não as limitações orçamentais de gravar numa cave. Daí esta música que parece vibrar dentro de um centímetro quadrado.
A performer Cherish Menzo cede o corpo a um estereótipo. Marcada na infância por videoclipes de hip-hop, reconstrói Jezebel, numa mulher que já não se reduz à lascívia. Para ver de 13 a 15 de Novembro no Festival Alkantara, a decorrer entre este sábado e 28 de Novembro, em Lisboa.
Talvez não precisássemos de uma hora e oito minutos de stock (algumas vezes sucedâneo, como a maviosa “Telescope” e a inferior “Agosto” ). Mas recriminar o excesso de “Far In” parece tirania. Não há má-fé, não há palavra solta por acaso.