Aumentaram pedidos de ajuda de homens vítimas de abuso, denuncia associação
A associação Quebrar o Silêncio revelou ter recebido 58 novos pedidos de ajuda nos primeiros quatro meses do ano, um aumento de 38% em relação a 2022.
A Quebrar o Silêncio revelou ter recebido 58 novos casos nos primeiros quatro meses do ano, dos quais 18 só em Abril.
“Sabemos que este aumento, apesar de significativo, continua a não representar a realidade dos homens e rapazes que foram vítimas de violência sexual, uma vez que são poucos os homens vitimados que procuram ajuda”, refere em comunicado Ângelo Fernandes, fundador da associação.
“Apesar de ser noticiado frequentemente, este é um tema que continua a ser tabu e não é fácil para as vítimas partilharem as suas histórias de abuso.”
De acordo com a associação, os homens que procuram ajuda têm, “em média, 39 anos”, embora tenham sido registados pedidos de indivíduos entre os 16 e os 70 anos, de todas as regiões de Portugal e também de países de emigração de portugueses.
“A nível de escolaridade, estado civil, profissão e outras características, o espectro é bastante diversificado e não é possível traçar um perfil dos sobreviventes”, acrescenta o dirigente da Quebra o Silêncio.
A associação está a finalizar “um guia com orientações para a prevenção da violência sexual contra crianças, destinado a profissionais e instituições que tenham crianças a seu cargo, como é o caso de escolas, campos de férias ou centros de acolhimento”. O objectivo é não só “informar e capacitar profissionais sobre como os abusadores chegam às crianças e as silenciam”, mas também “como conquistam a confiança dos adultos cuidadores”. O lançamento deste manual está previsto para Junho.
“É preciso clarificar que a responsabilidade da prevenção cabe aos adultos, à família e às instituições que as crianças frequentam”, justifica Ângelo Fernandes.
Desde a sua fundação, em 2017, a Quebrar o Silêncio recebeu 652 pedidos de ajuda de homens e rapazes vítimas de abuso sexual.