António Caldas: “Hugo Viana e Rúben Amorim estavam descontrolados”
Comentador da Next e ex-jogador e treinador do SC Braga confirma, em declarações ao NOVO, que Viana invadiu camarote e esteve muito perto de o agredir. Ficou desiludido com provocações de Amorim e do director desportivo do Sporting.
António Caldas, comentador da Next – canal digital do SC Braga – detalhou ao NOVO os incidentes que envolveram Hugo Viana, director desportivo do Sporting, na partida do passado domingo entre as duas equipas. Na conversa, o ex-jogador e treinador dos bracarenses assumiu estar desiludido com o que aconteceu e é claro quando afirma que tanto Amorim como Viana “cuspiram no prato onde comeram”, até pela forma como comemoraram o golo de Matheus Nunes, que deu o triunfo (1-0) aos leões já perto do fim, depois de terem jogado com menos um elemento durante grande parte do encontro.
Pode esclarecer-nos o que aconteceu com Hugo Viana durante o jogo entre Sp. Braga e Sporting?
O que posso dizer? Conheço o Hugo Viana, mas eu ontem não conheci o Hugo Viana. Estava completamente transtornado, perdido, fora de si. É pena, mas também percebo o momento do jogo. O Viana conhece-me, o Rúben Amorim conhece-me perfeitamente, mas estavam descontrolados. Quando Hugo Viana veio ter comigo e invadiu o camarote da Next, perguntei o que é que se passava com ele, o que é o que ele tinha, se estava bem. Vi-o completamente transtornado. Eu nem sabia que do outro lado estava o Hugo.
O que despoletou a reacção?
Era uma pessoa violenta, ameaçadora a dizer que vinha ter comigo, simplesmente porque num momento do jogo em que o árbitro demorou a marcar uma falta e foi preciso o banco do Braga dar um grito para dentro e eu disse: “Para marcar falta, só à base do grito”. Do outro lado ouvi o Amorim a dizer: “Cala a boca, cala a boca”. E outra pessoa, que eu não sabia quem era, ameaçadora, louca, a simular que vinha ter comigo e a tentar saltar os camarotes. Tiveram um mau comportamento, inclusivamente no momento do golo, com pontapés nas cadeiras, na vedação entre os camarotes, virados para o nosso lado e, penso eu, para mim. Era um descarregar de toda uma pressão que estavam a sentir, penso eu.
Então com Amorim não foi apenas aquela questão da máscara?
O Rúben até disse: “Vocês ganharam uma taça à minha custa”. É inadmissível este comportamento. Custa-me muito ver gente do futebol… Acho que subiram rápido demais e estão completamente perdidos ou descontrolados. Isto não tem nada a ver com a história da máscara. Eu participei à polícia as ameaças que o Hugo fez. E é pena ver dois jovens que para mim ainda são menos, a ter este tipo de comportamentos
Entretanto fizeram-lhe algum pedido de desculpa?
Não, infelizmente não. Não podiam pedir desculpa porque não estavam nos melhores dias.
E esta segunda-feira não recebeu nenhum contacto?
Nada disso. Nem eu quero que me peçam desculpa. Não preciso disso. Ontem estava a falar com outra pessoa do futebol, a dizer que o Hugo quando passava por mim dizia “Mister, como é que está? Está tudo bem?”. Das poucas vezes que passou por mim, sempre o respeitei e admirei como pessoa. Era uma pessoa humilde. Ontem, quando ele chegou ao pé de mim, perguntei-lhe o que se passava com ele, o que tinha e se estava a sentir-se bem. Foram as minhas questões quando ele invadiu o camarote da Next, parecia que me vinha bater. Vinha com uma velocidade… vinha louco. Não estava bem.
Os stewards evitaram as agressões?
Puseram-se à frente, mas se ele quisesse agredir, tinha agredido. Encostou-se a mim. Teve tudo para me agredir. Queria-me agredir quando estava no outro camarote. E se veio ao meu camarote era para me agredir. Eu nem sabia quem era. Vi só uma pessoa ameaçadora, a chamar-me de boneco e cobarde, enquanto ninguém falou com ele. Fiquei estupefacto quando vi que era o Hugo Viana. Não sabia que era ele. Quando vi que era ele, baixei as armas, pelo respeito, por ele também ser do clube. Pensei logo que o rapaz não estava bem e alguma coisa se passava.
E depois do incidente, o que aconteceu?
Depois vieram os responsáveis da Next, chamaram a polícia e quiseram que eu participasse. Eu disse que por mim passava tudo e que estou a marimbar. Depois no momento do golo, veio uma descarga… Como se eu tivesse culpa de alguma coisa. O Rúben Amorim a dizer que o Hugo fez muito mais que eu pelo clube… Cuspiram no prato que comeram. Estragaram tudo. Tenho pena de ver dois jovens com estes comportamentos e atitudes.
Pelas suas palavras, ficou extremamente desiludido.
Até ao Carlos Carvalhal, o Rúben chamou de papagaio ou qualquer coisa. Como é que um indivíduo em pleno jogo tem uma atitude destas e não se passa nada? Fiquei desiludido com o comportamento dos dois, mas principalmente do Hugo. Aquelas coisinhas com o Amorim, é normal mandarem bitaites para aqui e para ali. Desvalorizo isso tudo. Agora o Hugo ter o despejo de vir ao camarote, entrar e tirar satisfações comigo e chamar-me cobarde e boneco do outro lado, quando ele sabia com quem estava a falar? Ele não estava a falar com um adepto. Ele é um responsável. É essa a minha grande desilusão. Isto foi tudo antes do intervalo e no intervalo. A invasão foi no intervalo. Ele disse-me: “Ó cobarde vou ver se ao intervalo tens coragem de vir aqui ter comigo”. E como eu não fui ter com ele, fiquei no meu lugar, veio ele ter comigo.
Contactada pelo NOVO, fonte oficial do Sporting não quis reagir às declarações de António Caldas.